Musica para craque, a playlist definitiva

Segunda edição da nossa playlist reúne apenas hits que homenageiam craques do futebol mundial. Valem todos os estilos possíveis, desde que tragam o nome do jogador no título da faixa. Separe seus fones de ouvido.

Um grande jogador é imortalizado por seus feitos em campo. Um ídolo ganha música. Alguns dos maiores jogadores de todos os tempos foram eternizados em verso, prosa e ritmo. Nossa playlist super especial desta semana tem de rap a música brega. Mas isso importa? Na verdade, não.

Como futebol não conhece fronteiras e é o mais democráticos dos esportes, temos a banda australiana Vaudeville Smash tecendo loas a Zinedine Zidane, os franceses do Mano Negra cantando Diego Maradona, o catalão Joan Manuel Serrat homenageando László Kubala, a música de uma banda de Palma para Samuel Eto’o e muito mais. De bônus vai uma preciosidade: a música para Sven-Göran Eriksson.

Na série americana Breaking Bad, Walter White, ao se transformar em seu alter ego maléfico Heisenberg, cunhou a frase “Say my name”. Aqui, Zidane, Ibra, Falcão e cia, dizem “Sing my name”. Resista se for capaz.

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Como Del Piero conquistou o coração do velho Agnelli e da torcida da Juventus

Em 1991, surgia pelo Padova um atacante que iria deixar seu nome nos livros de recorde da Juventus. Baixinho, tímido e carismático, com sorriso fácil, Alessandro Del Piero foi subindo das equipes juvenis até estrear pela Serie B, com apenas 16 anos. Antes disso, a vida não tinha sido muito gentil com ele.

Filho de um eletricista e de uma dona de casa, Alessandro vivia na região de San Vendemiano, uma comuna em Treviso, no Vêneto, norte da Itália. Stefano, irmão nove anos mais velho, chegou a atuar no juvenil da Sampdoria sem muito sucesso. O irmão, por sinal, desempenharia um papel fundamental na carreira e nos negócios de Del Piero.

A família vivia modestamente e a luxuosa vida de estrela de futebol parecia um sonho muito distante. Na escola, quando teve que escrever a redação “O que você quer ser quando crescer?“, com vergonha de dizer que gostaria de ser jogador de futebol, Ale escreveu que queria ser caminhoneiro.

Jogador com J maiúsculo

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Desde o começo, Alessandro mostrou que era diferente dos outros. Para desespero da mãe, o menino depois da escola esquecia da vida e ficava batendo bola até escurecer. O pai, mais compreensivo, achou melhor providenciar a iluminação do campinho próximo da casa. Como em toda história de sucesso, não basta ter talento, é preciso contar com a ajuda da sorte. No dia 10 de novembro de 1987, um dia depois de completar 13 anos, a vida de Alessandro Del Piero começou a mudar. Vittorio Scantamburlo, olheiro de ótimo faro, a pedido do diretor esportivo do Padova, foi assistir uma partida entre as modestas equipes San Vendemiano e Orsago.

Do presidente do San Vendemiano, Antonio Franceschet, ouviu as seguintes palavras: “Tenho dois garotos excepcionais, nascidos em 1974, Zanin e Del Piero. Mande alguém para vê-los. Diego Zanin é considerado melhor, mas eu quase caio da cadeira vendo o outro jogar. O número 9 tem um chute incrível e domina a bola de uma maneira que faz com que ela pareça grudada aos seus pés. Encontrei um jogador com J maiúsculo. “

Scantamburlo se aproximou do menino de poucas palavras e perguntou se ele havia sido procurado por alguma equipe. “Sim, fui procurado pelo Torino, mas eles não me quiseram”. Mais tarde descobriu que a família não deixou o filho partir. Desta vez, não teve jeito. O Padova não deixou o talento escapar. Del Piero passou dos 13 aos 18 anos morando no CT do Padova, até que ganhou uma chance no time principal, quase sempre como um jovem reserva que entrava no segundo tempo. Só causou impacto em 1992-93, sua segunda e última temporada no clube que, na época, disputava a Serie B.  Foram 14 atuações e um gol até que a Juventus entrou na sua vida.

O responsável pela contratação de Del Piero pela Juventus foi Giampiero Boniperti, astro dos anos 1950 e 60. Boniperti era presidente honorário na época e fez esforços para contratar o garoto, então com 18 anos. Os tempos em que voltava para Pádua sozinho de trem, com o coração apertado vendo a mãe chorar na despedida na estação estavam acabados. Dali em diante, Ale e sua família mudaram para melhor.

Pinturricchio

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O ano era 1993 e Boniperti conseguiu atrair o atacante por cerca de 5 bilhões de liras, algo equivalente a 1.82 milhões de libras. Logo de cara, o técnico Giovanni Trapattoni pediu Del Piero no elenco profissional, mas por alguns meses o jogador atuou pela Primavera da Juve, conquistando torneios juvenis. Mais tarde, na temporada 1993-94, fez 11 aparições e anotou cinco gols.

Aos poucos, o empenho e a capacidade de Del Piero encantaram alguém muito importante na Juve: o histórico dono do clube e da Fiat. Gianni Agnelli, conhecido como “L’ Avvocato” (o advogado), estava no comando do time desde 1947 e teve papel crucial na arrancada para os títulos juventinos nos anos 1970, 80 e 90.

Dizem que Gianni tinha tanto poder em Turim, que poderia mandar prender ou soltar alguém. O figurão se encantou tanto com Ale, que tinha por ele o carinho que um avô tem pelo neto preferido. Não eram raros os telefonemas às 6 horas nas manhãs de segunda-feira para parabenizar e comentar a partida do dia anterior. Antes de Del Piero, o predileto era Michel Platini, com quem Agnelli se identificava tanto pelo caráter quanto pelas atitudes dentro e fora dos gramados.

Muitos acreditavam que Platini seria o eterno xodó do magnata, até que Alessandro ganhou respeito no clube. L’ Avvocato apelidou o pequeno de ‘Pinturicchio‘, em alusão ao famoso pintor italiano do período do Renascentismo. A relação de 10 anos, que acabou com a morte de Agnelli, em 24 de janeiro de 2003, sempre foi de extremo respeito e carinho. A história de Del Piero, começada em 12 de setembro de 1993, quando fez seu primeiro jogo como profissional pela equipe bianconera, durou 19 anos, com vários títulos e um amor daqueles que são difíceis de se encontrar por aí.

Addio, Roby

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Em um curto espaço de tempo, o talento de Del Piero apareceu. A Juventus esperava muito de seu futuro craque. Era natural que ele herdasse a camisa 10 e ganhasse um papel de destaque na Juve. O único impedimento era a presença de outro astro: Roberto Baggio, que recebeu a alcunha de Rafael (Sanzio, outro pintor renascentista) de Agnelli.

O “duelo de pintores” não durou muito. Eles jogaram juntos por apenas duas temporadas, em 1993-94 e 1994-95. Cada vez mais, Agnelli preferia Del Piero a Roby, o que culminou na saída do craque para o Milan, em 1995-96. Gianni Agnelli sempre levou tudo que dizia respeito à Juventus para o lado pessoal, e nunca engoliu que Baggio não queria trocar Florença por Turim, e sempre declarou seu amor pela Fiorentina. O Avvocato alfinetava Roby sempre que podia, como durante a Copa de 1994, quando comentou a apagada atuação de Baggio contra o México, dizendo que ele parecia um ‘coelho molhado’.

Não houve rivalidade entre Baggio e Ale, como se pode pensar. Mas os dois seguiram caminhos opostos. Atuaram juntos na Copa de 1998 quando já eram adversários. Roby ainda passou por Bologna, Internazionale e Brescia antes de se aposentar em 2004. Pela Juventus, Del Piero bateu todos os recordes e conquistou o posto de maior ídolo da história do clube.

Queridinho do vovô

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Um dos momentos mais divertidos da história de Del Piero e Agnelli foi a renovação de contrato, em 1998.  Os dois trocavam declarações pela imprensa, com L’ Avvocato dizendo que Platini tinha vindo para a Juventus por um pedaço de pão. Provocação prontamente respondida por Ale: “Avvocato, o preço do pão subiu”.

Poucos dias depois, Alessandro foi até a sala do velho Gianni para negociar salários. O mandatário ofereceu um cheque em branco ao camisa 10, pedindo que ele preenchesse de acordo com o que considerava ideal. Ao todo, de 1993 a 2012, conquistou oito vezes a Serie A (duas delas cassadas pelo Calciopoli), uma Serie B, uma Copa da Itália, uma Liga dos Campeões e um Mundial Interclubes.

O Avvocato, que sonhava com um estádio próprio, não viu seu sonho realizado. Mas na primeira temporada do Juventus Stadium, o clube voltou a ser campeão da Itália, depois de 9 anos. No dia 13 de maio de 2012, foi a vez de Alessandro Del Piero dizer adeus à sua amada Velha Senhora. Foi jogar do outro lado do mundo, pelo Sydney FC, onde ficou por duas temporadas. Depois, já com 40 anos, foi para a Índia jogar pelo Delhi Dynamos.

Em seus anos com a camisa bianconera, Del Piero foi muito feliz, em parte, graças à relação com Agnelli. No décimo aniversário da morte do seu mentor, o atleta relembrou saudoso os momentos que viveu ao lado do velho:

Tive a sorte e  honra de caminhar por grande parte da minha vida com ele. Sinto falta de sua elegância, sua paixão e seu gosto pelas coisas mais finas deste mundo, pública e particularmente. Nesses dias, penso muito sobre o que ele teria me dito atualmente. Estou bem certo de que ele me ligaria para dizer que eu deveria ir conhecer Sydney para ver o que me espera. 

Em toda minha vida, conheci duas pessoas que, para mim, simbolizam a Juventus. Giampiero Boniperti, que me tirou do Padova e L’ Avvocato, que me honrou com a sua confiança e consideração. Ele conhecia tão bem o mundo, amava a beleza de diferentes lugares. Seu telefonema provavelmente seria às seis da manhã, como ele costumava fazer. Mas desta vez, em Sidney, eu provavelmente estaria acordado para atender, sem precisar esfregar os olhos e me espreguiçar.”

Sexta das Camisas: Roberto Baggio nos mostra algumas peças de sua coleção

Existe um célebre colecionador de camisas que merece toda a nossa atenção neste especial aqui do site. É Roberto Baggio, craque italiano e ícone dos anos 1990. Este texto é um pedaço das memórias e da admirável coleção de Roby. Cada camisa tem uma história, contada pelo próprio na série de documentários sobre sua vida, ‘Io che sarò Roberto Baggio’.

Zico

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Esta é a camisa de Zico. Tive a sorte de conhecê-lo no Japão, ficamos amigos, eu disse que ele era meu ídolo no futebol. Depois de 20 dias, quando volto para casa na Itália, chega esta camisa com uma fita de vídeo de todos os seus gols. Me lembro que podia assistir algumas partidas do Campeonato Brasileiro quando a TV a cabo chegou. Às vezes jogava o Flamengo e ele era o número 1 absoluto.

Eu gostava de como se comportava no campo, como se movia, a sua técnica, a maneira como cobrava faltas, enfim, um grande. Lembro que ele tinha a capacidade de colocar a bola onde queria. Chutava bolas paradas de maneira incrível. Acredito que essa é a coisa que me mais me impressionou.

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Fiorentina

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Acredito que esta seja a camisa do meu primeiro gol na Série A, em Nápoles. O Napoli venceu o scudetto naquele dia. É meu primeiro gol na Série A! Essa é a camisa que abriu o caminho dos gols, não é? Tenho muito carinho por ela. Meu primeiro gol na Séria A, eu poderia ter feito até de canela porque o importante foi marcá-lo. Para nós era um momento trágico, porque se não empatássemos aquela partida cairíamos para a Série B.

Eu gostei porque naquele momento percebi que tinha feito uma coisa incomum, e isso já me deixou emocionado. Esta é a minha primeira camisa número 10. O grande Giancarlo Antognoni não estava mais no clube.

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Diego Maradona

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Esta é a camiseta de Diego. Trocamos na Copa de 90, em Nápoles. Foi um prazer trocá-la, mas não foi um momento particularmente feliz, tínhamos acabado de perder a semifinal do mundial nos pênaltis. Para nós queria dizer perder a chance de disputar a final. Descobri Maradona como jogador quando jogava no Barcelona. Já alí se ouvia falar desse fenômeno. E depois, sua chegada ao Napoli.

Não era como hoje, um que sabia bater falta e fazia gol era realmente um fenômeno. Era realmente difícil conseguir colocar a bola por cima da barreira. Ele era um dos poucos que faziam aquilo, pois tinha uma técnica muito refinada.

O gol que ele fez contra a Inglaterra, acredito que seja um dos mais bonitos da história de todos os mundiais. Sair do meio do campo e chegar na frente do gol é coisa que poucos fizeram. É um gol incrível, extraordinário. Um dos muitos gols lindos que ele fez.

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Gullit, Baresi e Van Basten

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Tive o prazer de encontrá-los como adversários. Esta é de Franco Baresi. Não era coisa fácil jogar contra Franco. Era rápido e tinha muitos dotes técnicos. Taticamente era um maestro.

Já Gullit era seguramente um número 10 estranho, diferente obviamente de como eram os números 10 daquele tempo. Tinha uma potência extraordinária, um físico incrível. Um jogador de uma qualidade inacreditável.

E a de Marco Van Basten. Ele foi um atacante de uma categoria acima dos outros. Era um prazer vê-lo jogar, os movimentos que fazia sem a bola, a inteligência que tinha, enfim, um jogador extraordinário. Para ter cada uma dessas camisas tive que dar 3 das minhas.

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Romário

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Linda. Linda cor, mas que lembrança ruim. No fim do jogo, na final do mundial, mesmo que infelizmente nós tenhamos perdido, trocamos de camisa.

Romário é grande. Fez gols realmente incríveis. Era um que quando pegava a bola na área só não fazia gol se não quisesse. Depois, tecnicamente, era um fenômeno. Rapidíssimo.

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Paolo Maldini

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Esta! Grande Paolo Maldini. Fenômeno. Fenômeno em todos os sentidos. Fisicamente, taticamente, tecnicamente. Grande Paolo. Tive o prazer e jogar com ele no Milan e na seleção. Nos demos muito bem. Não encontrei mais com ele, mas isso não muda minha opinião sobre a pessoa incrível que ele é. Um mito,  grande Paolo.

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Zidane e Raul

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Outros dois grandes. Dois fenômenos absolutos, Raul e Zidane. Zidane acredito que tenha sido um fenômeno absoluto. Era um prazer vê-lo jogar, mesmo quando era adversário. Para mim é um jogador completo, que sabia fazer tudo. Era impossível de marcar, porque nunca ficava parado. Uma grande qualidade dele era que, antes de receber a bola, sabia como se desmarcar deixando o defensor desnorteado.

Raul. Este é outro fenômeno do futebol mundial. Sempre acompanhei, sempre gostei dele. Um jogador que fazia a diferença no ataque, mesmo que fisicamente não era um atacante de área, mas fez tantos gols e muitos gols bonitos.

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Pep Guardiola

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Grande! Tive o prazer de jogar com ele no Brescia e é uma pessoa incrível. Para um atacante jogar com ele era um prazer único, porque quando você se movia ele sabia te dar a bola no pé, coisa que poucos fazem.

Eu sempre o admirei, quando jogava no Barcelona. Via a partida e pensava “Este não perde nunca a bola”. Era um que sozinho fazia o time girar. É claro que o meu desejo era que pudesse realizar seus sonhos. Ainda não realizou todos. É preciso dizer que é um fora de série, porque Barcelona não é lugar fácil e ganhar 6 troféus em um ano é coisa que ninguém tinha conseguido. E no primeiro ano como técnico.

Acredito que ele tenha introduzido no Barcelona uma mentalidade que todos são conscientes que são importantes, que quando entram sabem o que devem fazer. Criou um grupo de jogadores que fizeram da humildade e do sentido de time a sua força. Ele é uma pessoa de quem todo mundo gosta. Conheci muita gente, mas como ele realmente poucos.

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Javier Zanetti

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Esta é especial. Sou muito amigo de Javier Zanetti, por isso tenho uma alegria imensa de ter essa camisa. Grande Javi!

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Gabriel Batistuta

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Este é um grande jogador. Um de tantos fenômenos que tive como adversário. Uma força destruidora. Não tive chance de conhecê-lo bem como pessoa, porque obviamente não nos encontramos muito, mas os companheiros de seleção com quem joguei sempre falaram muito bem dele.

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