A realeza sangue verde da Escócia

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Andy Murray não pode reclamar de 2016. Nos primeiros 6 meses do ano, colecionou vitórias em todos os setores: tornou-se pai, o primeiro escocês a conquistar duas vezes Wimbledon e viu o Hibernian ganhar a Copa da Escócia depois de 114 anos. O amor pelo Hibs é hereditário e por pouco Murray não se tornou craque em outro tipo de gramado.

Herança de família

Andy Murray, recém coroado rei de Wimbledon, está acostumado a vencer e quebrar recordes. Com lugar garantido entre os quatro maiores tenistas do mundo, tem 40 títulos de torneios da ATP, venceu duas vezes o torneio mais importante do planeta, ganhou uma medalha de ouro na Olimpíada de Londres e entrou para história como o único britânico a vencer um  Grand Slam na Era dos abertos. Junto com o irmão Jamie venceu a Copa Davis, torneio que os britânicos não venciam há 79 anos. Além dos genes dos rebeldes ancestrais, o sangue verde, herdado do avô, quase roubou das quadras o maior campeão britânico.

Robert Roy Erskine tinha duas paixões: o tênis e o futebol. Depois de cumprir o serviço militar – para quem não sabe, os escoceses servem na guarda da rainha usando aquele glorioso chapéu de pele de urso – Roy foi convidado para treinar no júnior do Hibs. “Hibernian era o melhor time da Escócia naquela época”, relembra o ex-zagueiro, hoje com 84 anos.

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Nas três temporadas vestindo a camisa verde, ele teve poucas chances no time principal dirigido por Hugh Shaw. Erskine tem orgulho de lembrar que jogou a final do torneio East of Scotland Shield com os “Famosos Cinco“. Segundo ele, o resto do time também era bom. Ele destaca Jim McCracken, Jim Souness e um ponta chamado Crawford. Erskine é humilde ao admitir que não teria lugar naquele time: “Era um grande time e eu não era bom o suficiente”. A curta carreira, iniciada em Easter Road, continuou no Stirling Albion e no Cowdenbeath. Foram 46 partidas´pela Liga Escocesa e o gol de empate na partida com o Hearts pela Copa da Escócia. Um belo gol contra!

Roy Erskine é o avô materno de ninguém menos que Andy Murray. As histórias dos tempos que jogava com grandes craques fizeram o pequeno Andrew se apaixonar não só pelo futebol, mas pelo Hibernian. Um dos grandes prazeres de Roy era levar os netos, Jamie e Andrew, para assistir as partidas dos juvenis do Hibs, nas manhãs de sábado em Leith. Outro programa familiar imperdível era o “Hibs Kids Open Days”, no fim da temporada, quando os pequenos torcedores tinham a chance de conhecer seus ídolos. O jogador favorito de Andy era Keith Wright e uma de suas melhores lembranças é a foto que tirou junto com ele, quando tinha apenas 6 anos. Hoje, os papeis se inverteram e agora Wright é o fã declarado de Murray: “Entre tantas crianças que queriam tirar foto comigo, fui logo escolher um futuro campeão. E, nessa época, eu era a pessoa mais famosa na fotografia!”

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Aos 11 anos, Andy passava todo o tempo livre jogando por dois times. Os treinadores do Gairloch United Boys Club diziam que ele era um talento e podia jogar tanto no meio campo quanto no ataque. Dois anos mais tarde, recebeu um convite para treinar na escolinha do Rangers. Convite recusado, é claro. Um problema no joelho, posteriormente diagnosticado como patela bipartida, e o amor crescente pelo tênis puseram fim na sua carreira no futebol. Mas seus dias nos campos deixaram uma incomoda lembrança, a contusão crônica no tornozelo esquerdo, que o obriga a jogar com uma proteção.

Na história de Dunblane nos bons e nos maus momentos

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Não foi o tênis quem primeiro colocou Murray nas manchetes dos jornais escoceses. Ele estudava na Dunblane Primary School e, em 1996, a escola foi palco do que até hoje é considerado o maior ataque contra crianças da história do Reino Unido. No dia 13 de março, o ex-chefe dos escoteiros, Thomas Hamilton, a quem a mãe de Andy costumava dar carona, entrou no ginásio da escola e disparou 109 vezes, matando 16 crianças e uma professora. O atirador se suicidou em seguida.

O massacre de Dunblane deixou marcas profundas em Andy Murray. Este ano, quando a tragédia completou 20 anos, ele quebrou o silêncio e falou sobre o assunto: “Esta é talvez uma das razões porque eu nunca penso nisso. É muito desconfortável pensar que ele era uma pessoa que eu conhecia, alguém com quem eu convivia nos escoteiros. Descobrir que ele era um assassino foi uma coisa com a qual eu não consegui lidar. Alguns dos irmãos e irmãs dos meus amigos morreram. Eu só tenho flashes daquele dia. Lembro das músicas que cantamos na classe”. Andy, de 8 anos, e seu irmão Jamie, dois anos mais velho, estavam a caminho do ginásio quando os disparos começaram e só se salvaram porque ficaram escondidos debaixo de uma mesa.

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A grama é verde e Murray também

Não foram poucas as chances que Andy Murray teve de virar a casaca. Na infância, enquanto os amigos, torcedores de Celtic ou Rangers, colecionavam títulos, ele via o time alviverde subir e descer de divisão. Nos quatro anos que viveu em Barcelona, assistiu partidas da Champions League no Camp Nou e viu o ainda desconhecido Lionel Messi dar os primeiros passos de sua incrível carreira. Mas, até hoje, nada consegue impressioná-lo mais que ver o Hibernian entrar em campo. Em seu currículo de torcedor só falta assistir um derby Hibs-Hearts em Easter Road: “Eu nunca fui a um derby de Edinburgo, mas ouvi dizer que a atmosfera é incrível. Espero ter a chance de assistir quando me aposentar e voltar para a Escócia.”

Viajando pelo mundo para participar dos torneios da ATP, Murray só consegue acompanhar as partidas do time pela internet, através de um streaming legal, ele insiste em esclarecer. E nenhum esforço é grande demais pelo Hibernian. Em maio passado, para assistir a primeira partida da final da Copa da Liga contra o Rangers, ele acordou às 5 da da manhã, no horário da Califórnia. No dia da final estava em Paris, se preparando para a estreia em Roland Garros, e comemorou o título sozinho, uma vez que o irmão e a mãe o abandonaram para presenciar in loco a histórica vitória do alviverde.

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Desde sempre, Andy Murray se sente confortável cercado de verde. Seja num campo de futebol, na tradicional quadra de grama de Wimbledon aparada na altura de 8 mm ou vestindo a camisa do Hibs. Para ele nada disso importa, porque é verde o sangue que corre em suas veias.

Pequenas coisas que resultaram na grande noite azzurra em Berlim

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Há 3.653 dias, a seleção italiana realizava o sonho do tetracampeonato, acalentado por 24 anos. A Azzurra tinha saído de casa desacreditada, mergulhada em escândalos e com a obrigação de provar muito para si mesma. Marcello Lippi conseguiu transformar um grupo de jogadores em um bando de irmãos, que juntos fizeram história e escreveram mais um capítulo dessa fábula chamada futebol.

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Pequeno guia cinematográfico da Copa América: Uruguai

Antes de começar a falar sobre o cinema do Uruguai, uma deliciosa curiosidade. Em 1898, o empresário Félix Oliver assiste a uma exibição do cinematógrafo e se apaixona perdidamente pela engenhoca. Volta para casa com um projetor, uma câmera (comprado dos irmãos Lumière!), e milhares de ideias na cabeça. Uma delas vira o filme “Una carrera de ciclismo en el Velódromo de Arroyo Seco”, o primeiro do cinema uruguaio e segundo da América Latina.  Abre a primeira sala de exibição de Montevidéu e ajuda outros a produzirem seus próprios filmes. Não satisfeito, em 1900, vai conhecer Georges Méliès para aprender truques para tornar seus filmes mais engraçados. Os filmes de Félix ocupam lugar de honra na Cinemateca Uruguaia.

Até 1919, os documentários eram a grande maioria dos filmes produzidos no país, porque os filmes de ficção vinham da Argentina. A produção local engatinhava enquanto a dos países vizinhos se desenvolvia a passos largos. Apesar das tentativas de incentivar a produção de cinema depois da Segunda Guerra, os filmes careciam de personalidade própria. Os 22 anos de ditadura militar também não ajudaram muito.

Tudo mudou na década de 90, quando foram criados os fundos FONA e INA para incentivar projetos cinematográficos. Sem essa ajuda, nenhum dos filmes produzidos nas décadas seguintes teria saído da gaveta. Surgiram diretores, roteiristas e técnicos, alguns vindos da publicidade, outros formados no exterior. De lá pra cá, mais de 120 filmes foram feitos.

O cinema uruguaio ainda é refém de co-produções com Argentina, Brasil e Espanha, mas mesmo assim tem feito alguns dos melhores filmes da América Latina. Um bom presságio é o Oscar para a canção “Al otro lado del río”, de Jorge Drexler, a primeira em espanhol a levar a estatueta pra casa. Nunca duvide dos uruguaios, um dia eles podem surpreender e faturar um homenzinho dourado por seus filmes.

Essa lista é só um aperitivo. Garantimos que você não vai se decepcionar.

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El dirigible (El dirigible, 1994) – Pablo Dotta

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Ácratas (Ácratas, 2000) – Virginia Martínez

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25 watts (25 watts, 2001) – Juan Pablo Rebella & Pablo Stoll

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En la puta vida (En la puta vida, 2001) – Beatriz Flores Silva

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El último tren (El último tren, 2002) – Diego Arsuaga

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El viaje hacia el mar (El viaje hacia el mar, 2003) – Guillermo Casanova

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Whisky (Whisky, 2004) – Juan Pablo Rebella & Pablo Stoll

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O banheiro do Papa (El baño del Papa, 2007) – César Charlone & Enrique Fernández

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Acné (Acné, 2008) – Federico Veiroj

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Mal Dia para Pescar (Mal Dia para Pescar, 2009) –  Álvaro Brechner

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El Cuarto de Leo (El Cuarto de Leo, 2009) – Enrique Buchichio

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Reus (Reus, 2010) –  Eduardo Piñero, Pablo Fernández & Alejandro Pi

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La vida útil (La vida útil, 2010) – Federico Veiroj

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La demora (La demora, 2012) – Rodrigo Plá

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120 Seras eterno como el tiempo (120 Seras eterno como el tiempo, 2012) – Shay Levert

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Tanta Água (Tanta Água, 2013) – Ana Guevara & Leticia Jorge Romero

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Anina (Anina, 2013) – Alfredo Soderguit

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Una noche sin luna (Una noche sin luna, 2014) – Germán Tejeira

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Mr. Kaplan (Mr. Kaplan, 2014) – Álvaro Brechner

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El apóstata (El apóstata, 2015) – Federico Veiroj

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El hombre nuevo (El hombre nuevo, 2015) – Aldo Garay

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Gonchi, la película (Gonchi, la película, 2015) – Luis Ara & Federico Lemos

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Migas de pan (Migas de pan, 2016) – Manane Rodríguez

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Meu Mundial – Para Vencer não Basta Jogar ( Mi Mundial, 2017) – Carlos Andrés Morelli

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Porno para principiantes (Porno para principiantes, 2018) –  Carlos Ameglio

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Belmonte (Belmonte, 2018) – Federico Veiroj

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Los tiburones(Los tiburones, 2019) –  Lucía Garibaldi

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Window Boy Would Also Like to Have a Submarine (Window Boy Would Also Like to Have a Submarine, 2020) – Alex Piperno

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Guia musical da Euro: Gales x Portugal

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No canto direito, Portugal, que atravessou o Atlântico procurando as Américas e acabou descobrindo o Brasil. No canto oposto, os galeses, povo maluco que deu muito trabalho para os romanos. Mais importante que o duelo entre Cristiano Ronaldo e Gareth Bale é saber se você prefere um pastelzinho de Belém ou um belo terno Príncipe de Gales.

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Manic Street Preachers

A lista de músicos, cantores e cantoras galeses é bem grande e – para dizer o mínimo – eclética. Temos o rebolativo Tom Jones, que fez muito sucesso nos anos 60 e foi tirado da aposentadoria, em 1988, graças à cover da música “Kiss” de Prince. Tom, que já foi eleito um dos homens mais sexies do mundo, continua firme e forte e, até 2015, era um dos técnicos do The Voice britânico. Do lado feminino temos Shirley Bassey, que ficou mundialmente conhecida pelos temas dos filmes de James Bond. Bassey é a única cantora que gravou mais de uma vez músicas para o espião mais famoso do mundo. Vai dizer que nunca ouviu “Goldfinger”, “Diamonds Are Forever” ou “Moonraker”?

Dizem que um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar, mas em Gales não é bem assim. Uma outra dupla de cantores galeses tomou novamente de assalto as paradas britânicas nos anos 80. A loiríssima Bonnie Tyler encantou o mundo com “Total Eclipse of the Heart” e conseguiu a façanha de entrar no Guinness Book como a única cantora estreante a colocar um disco no topo da parada na semana do lançamento. Michael Barratt, aka Shakin’ Stevens, é o Elvis galês. Vocalista da banda “Shakin’ Stevens and the Sunsets”, que em 1969 abriu os show da turnê britânica dos Stones. Os anos 70 não foram exatamente memoráveis para Shaky, que decidiu tentar a sorte na carreira solo. E não é que deu certo! Em 1981, seu disco “Shaky” estourou nas paradas e, de quebra, lhe rendeu um disco de platina. Aproveitando que a maré estava boa para os dois, Shakin’ e Bonnie regravaram “A Rockin’ Good Way (to Mess Around and Fall in Love)”, sucesso de 1958 na voz de Priscilla Bowman. A música foi incluída no disco de Stevens, “The Bop Won’t Stop”, lançado em 1984.

Gales é a terra do multi instrumentista vanguardista John Cale. A vida de Cale mudou completamente, em 1964, quando ele conheceu. Juntos criaram o projeto que resultaria no famoso disco da banana, também conhecido como “The Velvet Underground and Nico”, considerado um dos melhores discos de todos os tempos. Em 1968, Cale deixou a turma da Factory de Andy Warhol e partiu para a carreira solo. Nos últimos 40 anos, produziu e colaborou nos trabalhos de Nick Drake, Brian Eno, Patti Smith, John Cage, The Stooges, Manic Street Preachers, Marc Almond, Happy Mondays e Siouxsie and the Banshees. John Cale continua na ativa e no começo de 2016 lançou seu 16º album, “M:FANS”, uma releitura do disco de 1982, “Music for a New Society”.

O lendário locutor John Peel, responsável pelo descobrimento de grandes nomes da música britânica, sempre teve uma quedinha pelos galeses. Nos anos 80, Peel foi o padrinho das bandas Anhrefn e Datblygu, pioneiras em fazer rock na língua nativa. Algumas das vozes mais marcantes dos anos 80 passaram pelos estúdios do seu programa na BBC. Já ouviu Green Gartside, do Scritti Politti e Julian Cope, do Teardrop Explodes? Então, você sabe do que estou falando. Outra prata da casa é The Alarm, banda com toda pinta de americana, que abriu os shows de Bob Dylan e U2 depois de lançar “Declaration”, álbum de 1984 que ficou semanas em 6º lugar nas paradas do Reino Unido.

A florescente cena musical galesa produziu bandas bem legais. Na lista não podem faltar Catatonia, Gorky’s Zygotic Mynci, Feeder, The Pooh Sticks e 60ft Dolls. No entanto, a trindade do rock galês é formada por Manic Street Preachers, Super Furry Animals e Stereophonics.

Os Manics são os veteranos da turma. Formada em 1986, a banda flertou com o hard rock até se decidir pelo caminho do punk. Suas letras de conteúdo politizado já deram aos caras altas dores de cabeça. Richey Edwards, guitarrista e compositor da banda, é protagonista de uma das histórias mais bizarras do rock. Ele desapareceu em fevereiro de 1995, seu corpo nunca foi encontrado e ele só foi declarado morto 13 anos depois, em 2008. Sem Richey, considerado um dos melhores letristas de todos os tempos, a banda virou um trio e resolveu navegar pelas águas mais tranquilas do britpop. O disco lançado depois da mudança  “Everything Must Go” é um dos mais elogiados da discografia da banda.

Considerada uma das bandas mais imaginativas dos nossos tempos, o Super Furry Aminals está na ativa desde 1993. Originária de Cardiff, é apontada pelo NME como a banda mais importante dos últimos 15 anos. Pode parecer exagero, mas os nove albuns lançados pelo SFA ganharam vários prêmios importantes e chegaram ao Top 10 das paradas diversas vezes.  Uma pequena curiosidade: o primeiro vocalista da banda foi Rhys Ifans. Ele não chegou a gravar com os companheiros e foi substituído por Gruff Rhys. A troca da música pelo cinema acabou sendo uma ótima pedida, já que Ifans ficou conhecido pelo papel de Spike, o colega de quarto não muito limpinho de Hugh Grant em Notting Hill. Depois disso, apareceu na franquia Harry Potter, como Xenophilius Lovegood e como Dr. Curt Connors no filme do Homem Aranha. Na TV, aparece com regularidade em Elementary no papel de Mycroft Holmes, o irmão sacana de Sherlock.

“Maybe tomorrow” colocou o Stereophonics em todos os iPods da galáxias, mas os caras já estavam na estrada desde 92. O caminho foi longo desde a aldeiazinha de Cwmaman até Londres. Só depois de 5 anos tocando em diversas bibocas londrinas é que o primeiro CD foi lançado. “Word Gets Around”colocou a banda no mapa e ainda rendeu o BRIT Award como revelação e a primeira posição da parada. Pra você ter uma ideia do sucesso, o vídeo de “Dakota” tem apenas 12 milhões e 600 mil visualizações.

A Euro estimulou uma sadia competição entre as bandas galesas. Loucos pela seleção de Gareth Bale e Aaron Ramsey, os Manics foram escolhidos para compor a música oficial da seleção galesa pra Euro 2016. “Together Stronger (C’mon Wales)“. Pra não ficar atrás da concorrência, o Super Furry Animals lançou seu single “Bing Bong”. A música, cantada em galês, fala sobre vitórias e derrotas. “Bing Bong”, que tinha sido composta para a Euro 2004, mofou por 12 anos na gaveta porque o País de Gales não se classificou pro torneio. A banda Candelas aproveitou a Eurocopa e regravou “Rhedeg i Paris”, hit da banda punk Yr Anhrefn nos anos 90.

Considerada por muitos a nova Meca da música britânica, Gales sempre oferece a música que você quer ouvir.

Tás a ver?

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Ora pois, chegou a hora de falar da música dos patrícios da terrinha! Pra começar, devo confessar que, antes de começar este post, meu conhecimento da música lusitana se limitava a Roberto Leal, Amália Rodrigues, Madredeus e Dulce Pontes. É triste mas é verdade.

Mas a música portuguesa não liga pra anglófilos como eu e segue em frente, firme e forte, arrasando em todos os estilos. A célula-mater, o começo de tudo no rock português é o Xutos & Pontapés. Os caras estão firmes fazendo música e influenciando gerações há mais de 3 décadas. Aproveitando a porta aberta pelo Xutos, surgiu o Mão Morta e seu rock controvertido e único. Daí surgiram Clã, GNR, UHF, Blasted Mechanism, Suspiria Franklyn, Decreto 77 e  Ornatos Violeta, orgulhosos representantes da tradição roqueira.

Os portugueses imigraram pros quatro cantos do mundo e agora são muitos os que fazem música por aí. Nelly Furtado não esquece suas raízes e sempre grava algumas músicas em português. Nuno Bettencourt, guitarrista da banda Extreme, batizou um dos álbuns da banda de “Saudades de Rock”. Steve Perry, vocalista do Journey, nasceu Estevão Pereira. Juro que é verdade! Outro membro da gloriosa família é Joe Perry, do Aerosmith. Não dá pra negar as origens de Ana da Silva, fundadora da banda The Raincoats. E por fim, temos o filho de portugueses Jay Kay do Jamiroquai. Viu só? Temos mais em comum com essa galera do que imaginávamos.

Tara Perdida é um nome importante do punk português. Formada por 1995, por ex-integrantes da banda Censurados, no ano seguinte participou do festival Super Rock abrindo para Ratos de Porão e The Exploited. Em 2014, o vocalista João Ribas morreu de infecção respiratória. Um ano depois, em março de 2015, foi lançado o primeiro single do disco “Luto”, “Um Dia De Cada Vez”, já com Tiago Afonso nos vocais.

Bandas que cantam em inglês não são uma novidade em terras lusitanas. De olho no mercado europeu, em 96, surgiu o Silence 4, que ganhou bastante notoriedade depois de gravar a cover de “A Little Respect”, do Erasure, para a coletânea “Sons de Todas as Cores”. No ano 2000, depois de uma turnê de quase 90 shows, com dois discos lançados, a banda chega ao fim. Eles até ensairam uma volta, em 2013, com 4 concertos. Quem viu, viu. Ouça também, Belle Chase Hotel e Queen Captain Among the Sailors.

Se alguns gostam de cantar na língua de Shakespeare, outros preferem a língua nativa. Além de cantar em português,  Filho da Mãe, A Caruma, Capitão Fausto e Diabo na Cruz também flertam com a música tradicional.

Concorrendo ao posto de banda mais legal dessa playlist, a banda lisboeta PunkSinatra. Formada em meados de 2003, os integrantes já passaram por diversas bandas. Trazendo influências dessas outras encarnações, criaram um som original que faz muito sucesso circuito underground.

Você não pode morrer sem escutar o rap e o hip hop português. Se já é complicado entender o que eles falam em ritmo normal, imagine no modo rápido, mas depois de uns 15 minutos, seu cérebro entra na frequência e você pega amor. Anote esses nomes e corra atrás: Dama Bete, Dealema, Da Weasel, Valete, Regula, NGA, Boss AC e Sam, The Kid.

A geração milênio do rock português ataca em todas as frentes. Em Coimbra surgiu o  Wraygunn, que mescla rock e blues. Alguns apostam na mistura com música eletrônica, como Micro Audio Waves e Mesa. Os novos representantes do indie português não deixam nada a desejar aos coleguinhas europeus. Os destaques são Fonzie, SuperNada, peixe:avião e Linda Martini. Quem curte ska e reggae, não pode deixar de escutar Primitive Reason, Three and a Quarter, Purocracy, Chapa Dux e Souls of Fire.

Se você superar o vício pela música anglo-saxônica e começar a ouvir o que andam fazendo pelo mundo afora, certamente vai se surpreender. Dê uma chance pros caras, eles estão fazendo barulho há mais tempo que Mourinho está aprontando das dele.

  • Publicado originalmente no site “Todo Futebol”

Pequeno guia cinematográfico da Copa América: Bolívia

O cinematógrafo chegou à Bolívia em 1897, através de uma visita de A. Jobler e Jorge de Nissolz, representantes da Casa Lumière. Os primeiros filmes eram registros de acontecimentos diários, desfiles, festas e celebrações religiosas. Só com a chegada do italiano Pedro Sambarino, em 1923, que começou de fato a produção cinematográfica local. Sambarino fundou a S.A. Cinematográfica Boliviana, que mais tarde se tornaria a Bolivia Films. Em 1925, estréia Corazón Aymará, uma adaptação da peça de teatro La huerta de Ángel Salas.

Na década de 30, a Guerra del Chaco se tornou o tema central dos cineastas bolivianos. O melhor exemplo é La Guerra del Chaco o Infierno verde, de Luis Bazoberry, que trabalhando como fotógrafo do exército pôde registrar o conflito e a assinatura do armistício. O tema recorrente de filmes e documentários bolivianos foram os conflitos e a instabilidade política do país, até o golpe militar de 1973, quando a produção de cinema sofreu um longo recesso. Cineastas, roteiristas e atores deixaram a Bolívia, mas continuaram a produzir filmes no Perú, na França e no Equador. Os irmãos José e Hugo Cuellar Urizar, que na época moravam no Brasil filmam a versão para o cinema do romance de Carlos Medinaceli, La chaskañawi.

Somente em 1995, com o incentivo do Fondo de Fomento Cinematográfico estreiam na Bolívia cinco filmes, feito sem precedentes. O filme Viva Bolivia toda la vida de Carlos Mérida, mistura documentário e ficção para contar a classificação da seleção boliviana para a Copa do Mundo de 1994 através dos olhos de um menino que sonha em ser craque de futebol.

O novo milênio marca uma nova era do cinema boliviano. Em 2007, o presidente Evo Morales declara por decreto que o da 21 de março é o Día del Cine Boliviano. A Bolívia tem 7 festivais de cinema, sendo os mais famosos o Festival Internacional de Cine, o Festival Internacional de los Derechos Humanos, o Festival de Cine Europeo e Festival de Cine de la Diversidad Afectivo Sexual. Nos últimos anos, vários filmes bolivianos foram premiados em festivais internacionais, como “Dependencia Sexual”, vencedor de prêmios em Locarno, São Francisco e Espanha, e “Zona Sur”, vencedor de melhor roteiro e direção no Festival de Sundance. O grande destaque é “Di buen día a papá”, vencedor do Premio Goya como melhor filme estrangeiro em espanhol, que conta a história de três gerações de mulheres afetadas pela morte de Che Guevara em La Higuera.

Comparado com o de Argentina, Brasil e Chile, o cinema boliviano ainda tem um longo caminho pela frente, mas o que tem apresentado mostra que pode chegar longe.

Quer conhecer mais? Dá uma olhada na lista de filme que selecionamos pra você:

Vuelve Sebastiana (Vuelve Sebastiana, 1953) – Augusto Roca & Jorge Ruiz

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Pancho: O Sangue do Condor (Yawar Mallku, 1969) – Jorge Sanjinés

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El Coraje del Pueblo (El Coraje del Pueblo, 1971) – Jorge Sanjinés

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El Enemigo Principal (El Enemigo Principal, 1974) – Jorge Sanjinés

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Mi Socio (Mi socio, 1983) – Paolo Agazzi

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Cuestión de Fe (Cuestión de Fe, 1995) – Marcos Loayza

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Jonás y la Ballena Rosada (Jonás y la Ballena Rosada, 1995) – Juan Carlos Valdivia

Para recibir el canto de los pájaros (Para recibir el canto de los pájaros, 1995) – Jorge Sanjinés

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El día que murió el silencio (El día que murió el silencio, 1998) – Paolo Agazzi

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Dependencia sexual (Dependencia sexual, 2003) – Rodrigo Bellott

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Di buen día a papá (Di buen día a papá, 2005) – Fernando Vargas

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Lo más bonito y mis mejores años (Lo más bonito y mis mejores años, 2005) – Martín Boulocq

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Sena/Quina, la inmortalidad del cangrejo (Sena/Quina, la inmortalidad del cangrejo, 2005) – Paolo Agazzi

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¿Quién mató a la llamita blanca?(¿Quién mató a la llamita blanca?, 2007) – Rodrigo Bellott

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Los Andes no creen en Dios (Los Andes no creen en Dios, 2007) – Antonio Eguino

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El cementerio de los elefantes (El cementerio de los elefantes, 2008) – Tonchy Antezana

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Zona Sul (Zona Sur, 2009) – Juan Carlos Valdivia

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O Elevador (El Ascensor, 2010) – Tomás Bascopé

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Los viejos (Los viejos, 2011) – Martin Boulocq

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Durazno (Durazno, 2014) – Yashira Jordan

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Norte Estrecho (Norte Estrecho, 2015) – Omar L. Villarroel

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Juana Azurduy (Juana Azurduy, 2016) – Jorge Sanjinés

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El Río (El Río, 2018) – Juan Pablo Richter

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Muralla (Muralla, 2018) – Jorge Sanjinés

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Tu me manques (Tu me manques, 2019) – Rodrigo Bellott

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Chaco (Chaco, 2020) – Diego Mondaca

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Pequeno guia cinematográfico da Copa América: Panamá

O Panamá pode ter chegado tarde à festa do cinema mas, nos últimos anos, tem mostrado uma produção razoável e até sedia um festival internacional. 

Apesar da primeira apresentação de cinema ter acontecido em 1987, o cinema no Panamá teve um início tardio. As primeiras filmagens eram para fins comerciais; Em 1914, com a inauguração do Canal do Panamá, o governo viu uma ótima oportunidade para fazer a boa e velha propaganda política. Rolos e rolos de filme foram gastos para exaltar a grandiosidade da obra.

Nas primeiras décadas do século XX, nada foi produzido e só filmes estrangeiros eram exibidos nos cinemas panamenhos. Por sua produção estratégica, o Panamá se tornou um local fundamental para a distribuição dos grandes estúdios americanos. Universal, Paramount, Columbia, Fox, Warner Brothers e Metro Goldwin Mayer transferiram seus escritórios de distribuição da Guatemala para o país.

O primeiro documentário panamenho foi feito, em 1943, por Ernesto Pool. Só 3 anos depois foi apresentado o primeiro média metragem, “Al calor de mi bohío”, dirigido por Carlos Luís Nieto. “Cuando muere la ilusión”, de 1949, da dupla Rosendo Ochoa e Carlos Ruiz, foi a primeira produção da recém nascida Panamá Sono Films. O filme era tão aguardado que até o presidente Domingo Díaz compareceu à estreia.

As coisas não melhoraram na década de 50, e o único filme realizado foi “El misterio de la Pasión”, filme religioso dirigido pelo padre Ramón María Condomines com a participação dos moradores de San Francisco de la Montaña. O filme nunca foi exibido e hoje faz parte do acervo de um colecionador.  A chegada da televisão enterrou de vez qualquer pretensão de fazer cinema no Panamá. Com maior penetração, a TV invadiu as casas e foi o veículo perfeito para a disseminação dos enlatados americanos.

A única forma de resistência era a produção de documentários, embora muitos deles fossem encomendados por ministério para fazer a propaganda do potencial turístico do país. “Panamá tierra mía”, dirigido por Jorge De Castro, é o maior exemplo.

Em 1967, um grupo de apaixonados por cinema, capitaneados pelo cineasta  Armando Mora e estudantes da Universidade do Panamá, fundaram o cineclube Cine Club Ariel. Em 1969, organizaram o Primer Festival de Cine Nacional, que exibiu 15 obras, entre curtas, documentários e media metragens. O vencedor foi o curta “Underground en Panama” de Carlos Montúfar.  O prêmio deu um novo ânimo para Montúfar que, junto com Armando Mora, se dedicou a uma série de trabalhos experimentais. Em 5 anos, foram produzidos “Nosotros formamos una multitud”, “Lógica infantil”, “El amanecer de mi raza” e “El canillitas”. Armando Mora, por sua vez, fez “La tierra prometida” e “Cuartos”. Mesmo sem nenhum tipo de apoio, eles foram capazes de levar a cabo vários projetos.

Desde a década de 80, o Panamá serve de locação para filmes americanos e reality shows. Só com o surgimento de iniciativas como os fundos  centro-americanos Cinergia e Ibermedia e a criação da Direção Nacional de Cinema do Panamá que começaram a aparecer filmes panamenhos. O Festival Internacional do Panamá, já em sua 5ª edição, serve como ponto de encontro e troca de ideias para os cineastas panamenhos. O resultado já começa a aparece. O longa “Salsipuedes”, de Ricardo Aguilar e Manolito Rodríguez, foi exibido no Cine Ceará deste ano e foi bastante elogiado.

A lista é curta, mas foi feita com amor:

Curundú (Curundú, 2008) – Ana Endara Mislov

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Chance (Chance, 2009) – Abner Benaim

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Wata (Wata, 2010) – Enrique Castro Ríos & Ana Endara Mislov

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Empleadas y patrones (Empleadas y patrones, 2010) – Abner Benaim

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Ruta de la luna (Ruta de la luna, 2012) –  Juan Sebastian Jacome

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Reinas (Reinas, 2013) ­- Ana Endara Mislov

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Invasión (Invasión, 2014) – Abner Benaim

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El Cheque: La Película (El Cheque: La Película, 2016) – Arturo Montenegro

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Salsipuedes (Salsipuedes, 2016) – Ricardo Aguilar & Manolito Rodríguez

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Más que hermanos (Más que hermanos, 2017) – Arianne Benedetti

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Eu não me Chamo Rubén Blades (Ruben Blades Is Not My Name, 2018) –  Abner Benaim

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Locos Al Poder (Locos Al Poder, 2019) – Juan Zelaya

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Diablo Rojo PTY (Diablo Rojo PTY, 2019) – Sol Charlotte & J. Oskura Nájera

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Todos Cambiamos (Todos Cambiamos, 2019) – Arturo Montenegro

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Pequeno guia cinematográfico da Copa América: Chile

O roteiro é sempre o mesmo: o cinematógrafo dos irmãos Lumière e uma sala cheia de pessoas ávidas por emoções. Quem poderia imaginar que o país latino americano que mais tardiamente se interessou pelo cinema, em três anos, ganhou dois prêmios da Academia. 

Na cinemateca do Chile, o filme “Manuel Rodríguez”, de 1910, ocupa um lugar de destaque. A obra, dirigida por Adolfo Urzúa Rosas, é o primeiro filme chileno de ficção da história. Mas a educação cinematográfica do público foi forjada a duras penas através de revistas como Cine Gaceta. Os apaixonados passaram a fazer cinema e, entre 1924 e 1927, o Chile produziu 54 longas. A partir daí, o cinema deslanchou. Em 1934, Jorge Délano lança “Norte y sur”, o primeiro filme sonoro.

1967 marca o começo do novo cinema chileno. Os dramalhões dão lugar a filmes que abordam os problemas do país e tem um preocupação político-social. Desta fase se destacam “Largo viaje” de Pato Kaulen, “Morir un poco” de Álvaro Covacevich e “Regreso al silencio” de Naum Kramarenco.

O golpe militar de 1973 mostrou seus reflexos no cinema. Os cineastas mais politizados saíram do país, mas continuaram a produzir no exterior. Para compensar o peso dos anos de chumbos, comédias esquecíveis. Só na década de 80, com as volta dos exilados, é que temas mais adultos passaram a ser abordados.

A volta da democracia marcou uma mudança na maneira como os fimes passaram a ser feitos. Surgiram os primeiros filmes cult, como “El gringuito” e “Chacotero Sentimental”. O cinema chileno completou 100 anos e começou a competir com o melhor cinema feito na Europa e Estados Unidos.

A busca pela própria identidade finalmente chegou ao fim e diretores como Pablo Larraín, Matías Bize e Andrés Wood foram premiados em vários festivais. Em 2016, o curta de animação “História de um Urso, de Gabriel Osorio Vargas, ganhou o Oscar. Dois anos depois, foi a vez de “Uma Mulher Fantástica” levar a estatueta dourada como melhor filme estrangeiro, vencendo os concorrentes da Rússia, Suécia, Líbano e Hungria. 

O cinema chileno tem filmes para todos os gostos. Escolha aqui o seu:

El Chacal de Nahueltoro (El Chacal de Nahueltoro, 1969) – Miguel Littín

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Julio comienza en julio (Julio comienza en julio, 1979) – Silvio Caiozzi

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La luna en el espejo (La luna en el espejo, 1990) – Silvio Caiozzi

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Caluga o menta (Caluga o menta, 1990) – Gonzalo Justiniano

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La Frontera (La Frontera, 1991) – Ricardo Larraín

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Amnesia (Amnesia, 1994) – Gonzalo Justiniano

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Johnny cien pesos (Johnny cien pesos, 1994) – Gustavo Graef Marino

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Histórias de fútbol (Historias de fútbol, 1997) – Andrés Wood

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El chacotero sentimental: La película (El chacotero sentimental: La película, 1999) – Cristián Galaz

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A Coroação (Coronación, 2000) – Silvio Caiozzi

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Taxi para tres (Taxi para tres, 2001) – Orlando Lubbert

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Los Debutantes (Los Debutantes, 2003) – Andres Waissbluth

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Na Cama (En la cama, 2005) – Matías Bize

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Mi mejor enemigo (Mi mejor enemigo, 2005) – Alex Bowen

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Padre Nuestro (Padre Nuestro, 2006) – Rodrigo Sepúlveda

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Tony Manero (Tony Manero, 2008) – Pablo Larrain

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A Criada (La Nana, 2009) – Sebastián Silva

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A Vida dos Peixes (La vida de los peces, 2010) – Matías Bize

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Old Cats (Old Cats, 2010) – Pedro Peirano & Sebastián Silva

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Violeta Foi Para o Céu (Violeta se fue a los cielos, 2011) – Andrés Wood

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No (No, 2012) – Pablo Larraín

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História de um Urso (Historia de un oso, 2014) – Pato Escala Pierart & Gabriel Osorio Vargas

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Matar a un hombre (Matar a un hombre, 2014) – Alejandro Fernández Almendras

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Gloria (Gloria, 2014) – Sebastián Lelio

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A Terra e a Sombra (La tierra y la sombra, 2015) – César Augusto Acevedo

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La memoria del agua (La memoria del agua, 2015) – Matías Bize

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O Clube (El Club, 2015) – Pablo Larraín

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Neruda (Neruda, 2016) – Pablo Larraín

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Poesia sem fim (Poesía sin fin, 2017) – Alejandro Jodorowsky

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Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica, 2017) – Sebastián Lelio

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Tarde para Morrer Jovem (Tarde Para Morir Joven, 2018) – Dominga Sotomayor Castillo

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Ema (Ema, 2019) – Pablo Larraín

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Guia musical da Euro: França x Islândia

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No quesito grito de guerra, não tem pra ninguém, a Islândia ganha de lavada. Os vikings mais uma vez querem chegar a Paris e, no fundinho, todos nós estamos torcendo por eles. Mas sabemos que é muita falta de educação tocar o terror na casa dos outros, ainda mais quando o anfitrião recebe com queijo brie, champanhe, pain perdu, bife bourguignon e crème brûlée…

Para deixar a disputa mais equilibrada, vamos mostrar a música contemporânea dos dois países e você escolhe a que gostar mais. Se de um lado temos Les Rita Mitsouko, Indochine e  Noir Désir, do outro encontramos The Sugarcubes, Sigur Rós e Of Monsters and Men. Em comum todas essas bandas tem uma coisa: conquistaram grande sucesso além de suas fronteiras. Quando a música é boa, todo mundo ganha.

C’est comme ça

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Devo confessar que, nos anos 80, meu conhecimento de música francesa se limitava a Edith Piaf, Sacha Distel, Charles Aznavour, Françoise Hardy e aos gemidos de Serge Gainsbourgh e Jane Birkin. Depois vieram Jean-Luc Ponty e seu violino e o papa da new age Jean-Michel Jarre, o primeiro ocidental a tocar na China (tudo devidamente registrado no disco Les Concerts en Chinee, de 1982). Como todo mundo da minha geração, pra mim rock bom era em inglês e ponto final.

Por sorte a vida mostra que nada é absoluto, especialmente na música. É possível mudar e voltar atrás sem nenhuma culpa. Antes do advento MTV, o veículo para as novidades era o rádio e ninguém ligava muito se a música chegava com um, dois ou dez anos de atraso. Assim, fomos apresentados ao som de Teléphone, do ultra cult Mano Negra e da maluquice deliciosa de Les Rita Mitsouko. Alguém disse que a mente que se abre, nunca mais volta ao tamanho original e é a mais pura verdade.

Umas das minhas melhores descobertas foi a Noir Désir. A banda de Bordeaux, uma das fundamentais do rock francês, teve sua cota de desgraças. Em 2003, o vocalista Bertrand Cantat espancou a atriz Marie Trintignant, com quem tinha um relacionamento. Marie, filha do ator Jean-Louis Trintignant e da roteirista Nadine Marquand, morreu dias depois no hospital sem nunca recuperar a consciência. Condenado a 8 anos de prisão, Cantat foi liberado depois de cumpriu metade da sentença e voltou à vida artística em 2008. Dois anos depois, sua ex-mulher Krisztina Rády cometeu suicídio, enquanto Bertrand Cantat estava na casa. O corpo foi descoberto no dia seguinte pelos filhos do casal. O cantor foi investigado e liberado pelas autoridades. O Désir ainda tentou resistir, mas encerrou as atividades em 2010.

Depois dessa bad, vamos aliviar o clima falando de criança, especialmente dos prodígios que venderam zilhões de discos. Em 1987, Vanessa Paradis, ex-Sra. Johnny Depp, com apenas 14 anos, estourou nas paradas do mundo todo com seu primeiro single “Joe le taxi”. Caso ainda mais impressionante é o de Jordy, um garotinho de 4 anos, que vendeu dois milhões de cópias na França e entrou no Guinness Book como o cantor mais jovem a chegar ao primeiro lugar das paradas.

Desde Edith Piaf, as mulheres sempre tiveram grande destaque na música francesa. Seja Mireille Mathieu com seu cabelo de cumbuca ou Jennifer Ayache, vocalista da banda Superbus, o talento das francesas é indiscutível. Espalhadas por todos os gêneros, uma playlist que se preze tem que ter nomes como Camille, Jeanne Cherhal, Coralie Clément, Les Plastiscines, Émilie Simon, Shy’m e Zaz. E tente ficar parado ouvindo o R&B de Ophélie Winter. Se conseguir, você ganha um doce.

No início dos anos 2000, surgiu a nova cena musical francesa, que incorporava pop, rock e jazz à tradicional chanson. Os destaques são Vincent Delerm, Benjamin Biolay, Benoit Doremus, Bénabar, Sansévérino, Zazie, Vincent Delerm e Olivia Ruiz, entre outros.  Uma característica marcante dos expoentes dessa nova geração é a sinergia. As colaborações são frequentes, seja na composição ou nas letras, como o caso de “Jardin D’hiver”, grande sucesso da cantora israelense Keren Ann, escrita em parceria com Biolay.

Quem diria que os franceses seriam mestres em colocar as pessoas pra dançar. Além dos mega-ultra-super-hiper-maxi premiados David Guetta e Daft Punk, nomes como Air, Justice, Vendetta, Laurent Garnier, Joachim Garraud e M83 fazem mais sucesso fora da França que em seu próprio país. Só pra não deixar de falar de futebol, o tema oficial desta Euro 2016, This One’s For You, foi composto por Guetta e desde seu lançamento, há 3 semanas, já teve mais de 32 milhões de visualizações.

Aqui tem um pouco de tudo, só pra você ficar com vontade de ouvir mais.

 

Einn Mol’á Mann

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Ninguém lembrava da existência da Islândia, muito menos que se fazia música por lá. (Até existia um movimento musical e a banda Hljómar, formada em 1963, era considera os Beatles islandeses). Em 1982, o documentário “Rokk í Reykjavík”,  se encarregou de mostrar o que estava acontecendo por lá.  O mundo se apaixonou pela voz de Björk Guðmundsdóttir e por sua carinha de esquimó. O que ninguém sabia é que Björk, apesar da pouca idade, era veteraníssima no circuito musical, tendo participado de bandas fundamentais como Tappi Tíkarrass e KUKL. Sua aventura seguinte foi The Sugarcubes, que chamou a atenção do selo independente britânico One Little Indian e, em 1986,  debutou nas paradas inglesas.

Depois do sucesso de Björk & cia., começou a corrida das gravadoras britânicas para encontrar ‘the next big thing’ da música islandesa. Foi assim que o Sigur Rós foi descoberto. O CD “Ágætis byrjun” garantiu dois anos de sucesso e a possibilidade de abrir os shows do Radiohead. Três músicas desse disco aparecem em “Vanilla Sky”, filme de Cameron Crowe.

Emiliana Torrini é uma das queridinhas da produtora Shonda Rhimes. Suas músicas já apareceram 10 vezes na série Grey’s Anatomy. Torrini também aparece na trilha de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres” com a música “Gollum’s Song”.

A TV e a Islândia vivem um sério caso de amor por causa de Game of Thrones. O país foi escolhido como locação do Winterfell e da Muralha da famosa série. Além disso, os produtores não perdem uma oportunidade de incorporar músicos islandesas nos episódios da série. É o caso do Sigur Rós, que se apresenta durante o casamento fatídico casamento do rei Joffrey. Membros da banda Of Monsters and Men aproveitam as pausas das turnês para fazer umas pontinhas como extras.

Como sempre costuma acontecer, membros de bandas de sucesso se arriscam em projetos solo. Olafur Arnalds, ex-integrante da banda experimental múm, é um deles. Na cena musical do país, todo mundo se conhece e a brodagem é tanta os músicos produzem e colaboram em trabalhos uns dos outros.

A música islandesa é única, mágica e inovadora. Ela entra pelos ouvidos, se espalha pela pele, desperta os sentidos e rouba pra sempre o seu coração.

O outro Ragnar herdeiro de Odin

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Ragnar Sigurðsson entoou o coro viking junto com os companheiros e calou a torcida inglesa, assim como fez, durante os séculos VIII e IX,  o rei que lhe empresta o nome. Foi do camisa 6 da Islândia o primeiro gol – e o primeiro prego no caixão da Inglaterra – que levou sua seleção onde nenhum outro tinha levado. As semelhanças entre os dois Ragnars não terminam aí. Os dois, descendentes de Odin, parecem bafejados pelos deuses e destinados a grandes feitos.

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Ragnar Lodbrok não é um personagem fictício da série The Vikings, do History Channel. Ele existiu de verdade e tocou o terror contra ingleses e franceses. Fazendeiro de nascimento, nunca se contentou com a vida monótona e tornou-se guerreiro. Ragnar participou de várias incursões para saques e pilhagens. Nos períodos em que estava em terra firme, era dominado pelo tédio. Por isso, decidiu liderar a expedição por mares nunca dantes navegados e acabou invadindo a ilha britânica (a atual Grã-Bretanha).

Em busca de novas emoções, Ragnar ficou obcecado por conquistar Paris, cidade cercada por muros e considerada impenetrável tanto por terra quanto pelo rio Sena. Os franceses não contavam com a paciência viking. Mesmo em menor número, os bravos nórdicos resistiram por meses e tomaram a cidade sem derramar sangue. Lodbrok foi coroado rei da Dinamarca e seus feitos são parte importante das sagas nórdicas.

A história que tem o dom de se repetir

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França e Inglaterra parecem estar no destino daqueles chamados Ragnar. Desconhecido antes da Euro 2016, Ragnar Sigurðsson é um dos destaques da competição. Nascido em um país sem nenhuma tradição futebolística, desde cedo ele soube que tudo que queria na vida era jogar futebol: “Futebol é tudo que eu tenho na vida. Não tenho estudo. Lutei para ser jogador de futebol. Quando todos os outros garotos estavam se divertindo e bebendo nas férias, eu estava em casa comendo aveia.”

O sacrifício valeu a pena e ele foi descoberto pelo Fylkir, time da capital Reykjavik. Originalmente meio campista, foi convertido em zagueiro por sua força física. A mudança rendeu frutos e, durante o tempo que defendeu a zaga do Gotemburgo, o time sueco bateu o recorde de menos gols concedidos. Além disso, o islandês foi o amuleto da sorte do time sueco que, depois da sua chegada, venceu seu primeiro campeonato acabando com uma seca de 11 anos de seca, tomando apenas 23 gols em 26 partidas. Ragnar tem tão pouca pinta de boleiro que foi barrado por um segurança na festa de comemoração do título. Foi necessária a intervenção de jogadores e dirigentes para convencer o brutamontes que Sigurðsson era uma das estrelas do time.

Fazendo jus ao sangue viking que corre em suas veias, aos 20 anos, saiu de casa para jogar pelo IFK Gotemburgo. Em 4 anos, depois de disputar mais de 100 partidas, deixou a Suécia e foi defender o FC Copenhague, na Dinamarca. Atualmente joga no Krasnodar, da Rússia, com contrato até 2018. Isso não impede que times da Inglaterra e Alemanha cobicem seu passe, estipulado em € 5 milhões. Tottenham, Liverpool e Leicester já mostraram interesse pelo jogador e representantes do Schalke e do Wolfsburg entraram em contato com o clube russo. No dia 19 de junho, Sigurðsson completou 30 anos, mas o presente ele espera receber no dia 10 de julho, em Paris.

Depois da França, a história

Antes da Euro começar, as apostas na vitória da Islândia estavam pagando  40/1. Hoje, na véspera da partida contra a anfitriã França, não parece impossível imaginar uma final entre Islândia e País de Gales. Mas chegar às quartas de final já pode ser considerado um feito quase tão grande quanto as conquistas do rei Ragnar. Certeza que o feito renderá altas conversas quando os dois se encontrarem no Valhala.

A primeira adolescência de Gigi Buffon

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Como tantos outros jogadores de futebol, Gianluigi Buffon não teve direito a uma adolescência normal. Começou a carreira no Parma em 1991, aos 13 anos e, 2 anos depois, foi convocado pela primeira vez para a seleção. Com 17 anos, já veterano na Squadra Azzurra, foi promovido a goleiro principal do Parma. Em 2001, chegou à Juventus, e imediatamente virou o camisa 1. Hoje, 19 anos depois, Buffon coleciona títulos e continua batendo recordes.

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