Os melhores e os piores momentos do derby romano

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Rivalidade no futebol é coisa antiga, cada cidade, região, país tem a sua, mas nenhuma é como a de Roma e Lazio. Do primeiro derby, em 1929, até hoje foram disputados 178 clássicos capitolinos.

Cada derby é único e reserva grandes emoções. Nos 85 anos do confronto já aconteceu de tudo. Selecionamos alguns momentos que merecem ser lembrados e outros que poderiam ser esquecidos.

Troféu “Ó do borogodó”

CUSPIDA DE ZAGO EM SIMEONE

Antonio Carlos Zago sempre foi um bom moço, até o derby de 1999. Ninguém tem a menor ideia do que Simeone falou pra ele, mas a resposta não poderia ser pior: uma bela cusparada na cara.

Tudo bem, sabemos que Simeone nunca foi flor muito cheirosa, mas não desejamos uma cuspida nem para nosso pior inimigo.

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PANCADARIA DENTRO E FORA DO OLÍMPICO

Uma semana antes da partida, os ânimos já ficam exaltados entre as duas torcidas. Por esse motivo, de uns anos para cá, o derby não acontece de noite. Não que o horário vá impedir que rolem xingamentos e safanões, mas pra que facilitar a pancadaria, não é?

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Fora do estádio, a coisa é muito pior. No último derby, em maio deste ano, dois torcedores da Roma foram esfaqueados, duas horas antes da partida.

Depois do jogo, os 2 mil agentes policiais tiveram bastante trabalho para conter os ânimos exaltados. As ruas em torno do estádio foram fechadas e a tropa de choque lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os grupos que lançavam objetos contra a polícia.  Membros das duas torcidas foram presos por envolvimento nos incidentes e a truculência policial rolou solta.

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FESTIVAL DE EXPULSÕES

Roma e Lazio sem expulsão não é derby. Os jogadores entram em campo com os nervos à flor da pele e qualquer faísca pode provocar uma explosão.

Nos últimos 12 encontros, 16 jogadores foram expulsos: 9 da Lazio e 7 romanistas. O último foi o biancoceleste André Dias, que conseguiu ser expulso depois de apenas 3 minutos em campo.  O volante Ledesma, que hoje está no Santos, tem o recorde negativo de 3 vermelhos em uma dúzia de partidas.

Do lado romanista, em 2012, De Rossi foi para o chuveiro mais cedo depois de dar um soco na cara de Stefano Mauri.

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JOGANDO CONTRA O PATRIMÔNIO

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Sergio Santarini, jogador da Roma, tem o recorde negativo de maior marcador de gols contra no derby: 2 no total. Um marcado em 1971 e outro em 1973. Mas ele não está sozinho, do lado da Lazio: Faotto, Gualtieri, Wilson, Pulici, Janich e Negro mandaram para a própria rede. Do lado romanista: Acerbi e Rocca.

No derby do dia 18 de março 1979, as duas equipes tiveram gols contra: Cordova da Lazio e De Sisti da Roma.

PAOLO DI CANIO, GENTE BOA (SÓ QUE NÃO)

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Paolo Di Canio merece entrar na lista pelo conjunto da obra. Di Canio, que nunca escondeu suas preferências políticas, dedicou um capítulo da sua autobiografia a Benito Mussolini e tem duas tatuagens em homenagem ao Duce, “Dux” no braço e o rosto do ditador nas costas. A primeira vez que fez a saudação fascista foi num derby. Repetiu o gesto mais três vezes, contra Livorno, Juventus e Rieti.

Enquanto jogava pelo Sheffield Wednesday empurrou o juiz após ser expulso em uma partida contra o Arsenal. Em 2010, compareceu ao funeral de Paolo Signorelli, notório fascista condenado por envolvimento no Massacre de Bolonha, que matou 85 pessoas e feriu mais de 200.

Suas posições políticas causaram problemas quando trabalhou como treinador na Inglaterra. Quando fui contratado pelo Swindon Town, em 2011, o patrocinador GMB cancelou o contrato devido às suas posturas políticas. A sua contratação pelo Sunderland, em 2013, provocou a demissão do vice-presidente do time, David Miliband, por divergências irreconciliáveis com a comissão técnica.

ESTÁDIO VAZIO

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No estádio Olímpico, a partir dessa temporada, os setores reservados para as torcidas estão separados por barreiras de vidro, para impedir confrontos. A decisão da federação italiana e da prefeitura de Roma gerou grande revolta por parte de torcedores tanto de Roma quanto de Lazio.

As torcidas organizadas decidiram boicotar a partida deste domingo e, pela primeira vez, os torcedores dos dois times estarão do mesmo lado. E a Curva Nord e a Curva Sud estarão vazias.

PROVOCAÇÃO

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Se Totti costuma provocar a torcida da Lazio com bem humoradas mensagens na camiseta, algumas provocações ultrapassam o limite aceitável, como a de Daniele De Rossi no ultimo derby. Mas De Rossi não foi o primeiro a mostrar o dedo médio para a torcida adversária. Em 1989, Paolo Di Canio (sempre ele), fez o mesmo gesto para a Curva Sud.

CARTOLAS

Claudio Lotito e James Pallotta poderiam entrar para o grupo ‘Calados são poetas’. Toda vez que o presidente da Lazio abre a boca fala alguma bobagem. Algumas das suas pérolas são mais divertidas que polêmicas e, quase sempre, viram memes na internet.

Já James Pallotta costuma gerar polêmicas com bastante frequência. Este ano, o chefão da Roma, errou a mão e chamou parte dos torcedores de ‘fucking idiots’. O que Mister Pallotta esqueceu é que esses ‘idiotas’ não chegaram ontem na capital, e eles nunca deixaram de apoiar o time, mesmo sem ver a cor de um título há 15 anos.

Troféu “Crème de la crème”

SELFIE DE TOTTI

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A partida deste domingo será a de número 42 de Francesco Totti. Resumindo, Il Capitano tem mais jogos contra a Lazio que anos de vida.

Quase tão marcantes quanto seus 11 gols na arqui-inimiga Lazio são suas comemorações. Criativo e original, no último derby, Totti se superou fazendo uma selfie minutos depois de colocar a bola no fundo das redes de Marchetti. Os laziali venciam por 2-0 e o capitão giallorosso empatou a partida. Ficou “só” nisso.

COREOGRAFIA DAS TORCIDAS

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A cada derby, as torcidas se superam nas coreografias. Desde o famoso “Ti amo” da Curva Sud, em 1983, respondido com “Lazio nel cuore” no ano seguinte, a criatividade não conhece limite.

BRODAGEM

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Nem todas as partidas entre as duas equipes da capital foram marcadas por brigas. No dia 19 de novembro de 1979, Roma e Lazio se uniram em uma partida amistosa para homenagear Vincenzo Paparelli, falecido no derby do dia 28 de outubro. A renda de 59 milhões de liras foi doada para a família do rapaz.

A partida “Romanos” contra “Resto da Itália”, disputada no Olímpico, foi vencida pelos visitantes por 1-2, com gols de Roberto Pruzzo, que viria a ser um grande ídolo da Roma nos anos 80.

HOMENAGEM A ADRIANO

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Adriano chegou na Roma e logo ganhou o título de “O Imperador”. Dentro de campo não fez muita coisa e a lembrança mais marcante de sua passagem pela cidade eterna é a faixa que a torcida da Lazio fez para homenageá-lo em todo seu esplendor e sobrepeso.

O VOO DA ÁGUIA

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A linda e altiva mascote da Lazio, Olímpia, costuma dar rasantes antes das partidas em que a equipe é anfitriã. Desde sua estréia, no dia 22 de novembro de 2010, a águia real americana, cujo nome original era Dulcinea, conquistou o coração dos torcedores. Foram eles, inclusive, que escolheram entre Olimpia e Vittoria, através de uma votação promovida pelo clube.

Olimpia vive no Centro Esportivo de Formello, sob os cuidados do treinadores Juan e José Bernabé, mas é no Olímpico que ela se sente em casa.

O VOO DO AEROPLANINO

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Vincenzo Montella é o recordista de gols em um mesmo derby. Na temporada 2001-2002, voou baixo e marcou 4 gols, na vitória romanista por 1-5. Antes, em 1999, já tinha marcado uma doppietta, na partida que terminou 4-1 para a Roma.

 

 

 

O misterioso bilhetinho que Rudi Garcia mandou pra De Rossi na Champions

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Na última terça-feira, durante a partida Bayer Leverkusen e Roma, na BayArena, pela Champions League, uma cena nos chamou a atenção: Rudi Garcia fez chegar às mãos do capitão Daniele De Rossi um bilhetinho. Até aquele momento, a partida parecia ganha pela Roma, que tinha conseguido não só empatar o jogo, que no primeiro tempo tinha acabado 2-0 para o time da casa, mas fazer mais dois. 3-4 parece um placar seguro, certo? ERRADO! Minutos depois da chegada do estranho bilhete, o Bayer empatou o jogo.

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Queimamos a mufa para descobrir o conteúdo da misteriosa missiva e aqui vão algumas das nossas sugestões de texto.

1- Traz pão!

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Sá comé, ficar de bobeira no banco por 1 hora e meia é dureza. Por isso Rudi Garcia aproveitou o tempo ocioso para fazer a lista do mercado. Sugestão de texto:  “Não esquece de comprar pão, leite, manteiga e, aproveita que tamos na Alemanha, traz umas brejas. ABS, RG”

2- Trava-língua

De Rossi parecia um pouco estressado depois do terceiro gol, então, o professor resolveu dar uma animada no capita. Nada como o bom e velho trava-língua pra relaxar o ambiente. Sugestão de texto:  “Fale rápido o rato roeu a roupa do rei de Roma. A rainha rasgou o resto. Agora de trás pra frente. Valendo! Hahaha RG”

3- Grandes mistérios da Humanidade

A procura de respostas para os grandes mistérios não conhece hora nem lugar. A duvida se instala e é preciso compartilhar com os mais chegados. Sugestão de texto: “Essa calça deixa minha bunda grande? Carinhosamente, RG”

4- Qual é o nome daquela música?

Tem coisa pior que ficar com uma música na cabeça e não lembrar o nome? Nessas horas só mesmo um brother como De Rossi pode ajudar. Sugestão de texto: “Daniè, não consigo lembrar o nome daquela música que a gente ouviu na viagem. Tem um trecho que diz ‘any kind a fool could see that is something in everything about you’! Ajudaê! Seu bróder RG”

5- Como pronuncia o nome do nosso goleiro?

Szcheschny? Sczsheznyc? Swazzzxhchny? Swarzennegger? Sugestão de texto: “Meu, não sei falar o nome do goleiro! Tô gritando aqui faz meia hora e o safado nem liga. Fala pra ele não deixar passar mais nenhuma porque tá complicando pra mim. Valeu! RG”

5- Olha o que saiu no meu biscoito da sorte!

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Você abre o biscoitinho da sorte na maior fé e dentro acha uma mensagem daquelas bem animadoras. Tem como não compartilhar? Sugestão de texto: “Hoje vai! Diz pros garotos que é possível. É só esquecer que somos a Roma. Atenciosamente, RG” – O problema é que eles lembraram depois.

6- Tatuagem nova

Garcia conseguiu finalmente achar o desenho daquela tatuagem que queria muito fazer. Quem melhor que De Rossi, o homem-gibi, pra dar uma opinião sincera. Sugestão de texto: 

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7- A senha

Socado nos cafundós da Alemanha, 3G não tá pegando, o plano de minutos expirou e não dá pra viver sem xeretar na internet. Quem nunca? Sugestão de texto: “Vi você mexendo no instagram. Qual é a senha do Wi-fi aqui do estádio? Quer assistir o jogo do Barça. RG”

8- Vai fazer o que domingo?

Nada como planejar o fim de semana com antecedência e convidar o amigo pra um jantar no domingo. Sugestão de texto: 

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9- Autógrafo

Chicharito anda comendo a bola e Garcia não conseguiu resitir. Sugestão de texto: “Cara, discretamente pede o autógrafo do Chicharito pra mim? Eu adoro ele jogando. Fico te devendo essa. Abraço, RG”

10- Bolão

Semana de Champions, só jogão e é claro que rolou o famoso bolão. Sugestão de texto: “Apostei num 3-4 pra gente aqui hoje. Faça acontecer. Repasse. RG”

Pais que foram superados pelos filhos no futebol

As páginas dos jornais e os sites sobre futebol estão repletos de histórias de pais que viram seu legado no esporte ter continuação na pele de seus filhos. Muitos deles falharam em repetir o sucesso dos pais. Resolvemos inverter as coisas e selecionamos os filhos que conseguiram a façanha de superar o que os velhos fizeram com a bola nos pés. Ou seja, foram craques duas vezes.

Domingos e Ademir da Guia

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Dois craques de posições diferentes. Domingos da Guia, zagueiro, reinou absoluto quando o Brasil ainda não era uma potência no futebol. Conhecido como Divino Mestre, foi aclamado até por argentinos depois de sua passagem pelo Boca Juniors. Também vestiu as camisas do Bangu, Vasco, Nacional-URU, Flamengo e Corinthians durante a carreira. Se aposentou em 1950. Na década seguinte, viu seu filho Ademir ganhar respeito em solo nacional. O meia, apelidado de ‘Divino’ por causa do pai, foi o principal jogador da chamada Academia palmeirense, único time a fazer frente ao Santos de Pelé. Ademir é o maior ídolo do Palmeiras e até hoje é o recordista de presenças pelo clube: 901.

Djalma Dias e Djalminha

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Djalminha, meia com Flamengo, Guarani, Palmeiras e Deportivo La Coruña, é filho de Djalma Dias, zagueiro famoso por suas passagens pelo Atlético Mineiro, América-RJ, Palmeiras, Santos e Botafogo. (Não confundir com Djalma Santos, lateral do Verdão e da Seleção Brasileira). O velho Djalma chegou a jogar as eliminatórias da Copa de 1970. Morreu em 1990 e infelizmente não viu o filho estourar no futebol. Djalminha colecionou títulos no Flamengo, Palmeiras, La Coruña, Austria Wien e América do México.

Cesare e Paolo Maldini

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É difícil dizer que Cesare Maldini foi um jogador pior que o filho. Afinal, por muitos anos com a camisa do Milan, o defensor mostrou um nível técnico invejável. Seu Cesare venceu quatro vezes a Serie A com a equipe rossonera. No entanto, quando se fala em Maldini, é natural que o nome de Paolo venha à mente. Capitão e pilar defensivo de um dos maiores times da história, o filho de Cesare conquistou sete vezes o scudetto, cinco vezes a Liga dos Campeões e três vezes o Mundial Interclubes. Bem, depois disso não há muito o que discutir. E a história não termina por aí: Christian, filho de Paolo, já está jogando no juvenil do Milan. Tem 19 anos e também é defensor. Só que não parece fisicamente nem com o pai nem com o avô.

Finn e Michael/Brian Laudrup

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Quando Finn encerrou a carreira em 1981, pelo Brondby, não imaginava que sua família estaria muito bem representada nas décadas seguintes. O mesmo time dinamarquês revelou os irmãos Michael e Brian para o estrelato. A dupla colocou a Dinamarca no mapa dos grandes ao encantar na Copa de 1986 e vencer a Eurocopa de 1992 (Michael não estava no torneio). Hoje é tão notório o que os dois fizeram que muita gente nem sabe que Finn foi jogador no passado. Ele é mais conhecido como pai de dois craques.

Josef e Miroslav Klose

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Josef  jogou bola entre 1966 e 1984 e atingiu o auge atuando pelo Auxerre, da França. Era atacante, assim como o filho. Mas nem de longe conseguiu o prestígio de Miroslav, que é o maior artilheiro da história das Copas e campeão em 2014.

Maciej e Wojciech Szczesny

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Não vamos obrigar a pronunciar o nome e o sobrenome dos Szczesny, mas gostaríamos de dizer que Seu Maciej guarda um recorde interessante: foi campeão polonês por quatro equipes diferentes. Também era goleiro e jogou de 1983 a 2002. Seu filho, Wojciech, ganhou fama no Arsenal e hoje está emprestado à Roma. É goleiro da seleção polonesa e, em 2014, recebeu o troféu Luva de Ouro da Premier League. Então, já é bem mais reconhecido do que seu progenitor.

Miguel e Pepe Reina

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Bem, as coisas são um pouco mais disputadas entre os goleiros da família Reina. Miguel, arqueiro do grande Atlético de Madrid da década de 1970, foi campeão espanhol pelo Atlético em 1977, além do bicampeonato da Copa do Rei pelo Barcelona. Pepe, seu herdeiro, foi campeão mundial com a Espanha em 2010, bicampeão da Eurocopa, campeão alemão com o Bayern, da Copa da Itália com o Napoli e da Copa da Inglaterra com o Liverpool. Além disso, é um especialista em defender pênaltis.

Jorge e David Trezeguet

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Jorge Trezeguet atuou como zagueiro na década de 1970, mas não teve muito impacto no esporte. Jogou pelo Chacarita Juniors, pelo Estudiantes de Buenos Aires e pelo Rouen, da França. Teve sua carreira arranhada por ter testado positivo em um exame antidoping. O filho, David, nasceu em Rouen, quando o pai ainda atuava profissionalmente. Começou a carreira nos anos 1990 e despontou como grande atacante. Trezeguet Jr. entrou para a história como campeão mundial, autor do gol do título da Eurocopa de 2000, bicampeão francês com o Monaco, bicampeão italiano com a Juventus e foi lembrado como um dos 100 maiores atletas da história do esporte em lista da Fifa.

Jean e Youri Djorkaeff

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Jean Djorkaeff foi um jogador mediano que atuava como lateral. Esteve na Copa de 1966 e teve boa fase como atleta jogando por Lyon, Olympique de Marselha e Paris Saint-Germain. Contudo, o filho Youri superou as conquistas de seu velho vencendo a Copa de 1998 e a Eurocopa de 2000. O menino também atuou por Monaco, PSG, Internazionale, Kaiserslautern, Bolton, Blackburn e NY Red Bulls.

Juan Carlos Corazzo, Pablo Forlán e Diego

Essa é a história mais curiosa do post. Os Forlán estão na terceira geração. Juan Carlos Corazzo era meia e atuou no Independiente na década de 1930. Treinou o Uruguai na Copa de 1962. Sua filha Pilar casou-se com o lateral Pablo Forlán, que teve grande passagem pelo São Paulo e também vestiu as camisas de Peñarol, Cruzeiro, Nacional, Sud América e Defensor. O filho de Pablo, portanto neto de Juan Carlos, é ninguém menos que Diego Forlán, craque uruguaio e grande jogador de seu país na Copa de 2010, sem falar no título de 2011 da Copa América. Diego começou no mesmo Independiente do avô, foi para o Manchester United e foi matador por Villarreal e Atlético de Madrid. Também jogou na Internazionale, no Inter de Porto Alegre, Gamba Osaka e hoje está no Peñarol.

Juan Ramón e Juan Sebastián Verón

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Toda vez que alguém diz o nome Juán Verón, a torcida do Estudiantes chora de emoção e saudade. Também pudera: duas gerações da família marcaram época com a camisa pincharrata. O pai, Juán Ramón, era conhecido como ‘La Bruja’, por sua capacidade de enfeitiçar os adversários e uma curiosa semelhança física com o estereótipo clássico das bruxas. Já Juán Sebastián, careca de tudo, foi um craque das décadas de 1990 e 2000, com passagem notável pela seleção Argentina, Boca Juniors, Sampdoria, Parma, Lazio, Manchester United e Chelsea. Achou que estava faltando algo? Sim, os dois foram campeões da Libertadores com o Estudiantes.

Carles e Sergio Busquets

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A família Busquets tem forte ligação com o Barcelona. A história deles começou com Carles, goleiro reserva da equipe nos anos 1990. Seu filho Sergio, volante, foi formado pelas categorias de base e se tornou um jogador muito importante na fase dourada dos catalães. O herdeiro foi cinco vezes campeão espanhol e tricampeão europeu. Se parece pouco, junte a isso o bicampeonato da Eurocopa e o título mundial com a Espanha.

Frank Lampard Sr. e Frank Jr.

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Seu Frank foi lateral do West Ham e bicampeão da Copa da Inglaterra em uma longa passagem pelos Hammers. Jogou profissionalmente de 1967 a 1986. Também foi convocado para a Inglaterra algumas vezes entre 1972 e 80, quase sempre sem muito impacto. Já seu filho, Frank Jr, conseguiu ser um dos maiores meias que os ingleses já viram. Ídolo do Chelsea, também jogou no West Ham, Swansea e Manchester City. Hoje, aos 38 anos, atua no New York City FC. Juninho foi campeão europeu em 2012 e tem três títulos ingleses com os Blues de Stamford Bridge.

Roberto e Christian Vieri

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Os Vieri também podem contar boas histórias sobre futebol. A começar pelo seu Roberto, que era atacante e teve fase memorável por Bologna e Roma na década de 1970. O pai pode não ter tanta fama e nem títulos (duas Copas da Itália e uma Copa Anglo-italiana), mas o filho certamente foi uma estrela. Christian era um daqueles atacantes que nasceram para fazer gols. Predestinado a marcar de qualquer jeito, ‘Bobo’ era considerado um ‘grosso’ por muitos, apesar de ter enorme aptidão para balançar o barbante. E passou por vários clubes como Torino, Pisa, Venezia, Atalanta, Juventus, Atlético de Madrid, Lazio, Internazionale, Milan, Monaco e Fiorentina. Vieri filho levou duas vezes a Copa da Itália, uma vez a Serie A, uma Recopa Uefa e um Mundial Interclubes.

Dondinho e Pelé

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Seu Dondinho é uma lenda do futebol por motivos distintos. O primeiro deles por ter se lesionado antes de estrear como jogador do Atlético Mineiro. Atacante dos bons, teve sua carreira prejudicada por uma entrada violenta de Augusto, zagueiro que esteve na final da Copa de 1950 contra o Uruguai. Dizem que era tão bom quanto o filho, mas qualquer comparação feita com o seu herdeiro é injusta. Um certo dia, depois de uma derrota para o Alfenas, teve que deixar a cidade de Campos Gerais às pressas para fugir da fúria da torcida. Mudou para Três Corações, casou e, em 1940, teve um filho chamado Edson. O resto é história.

Lela, Alecsandro e Richarlyson

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O atacante Lela é lembrado por muitos como um dos principais nomes do Coritiba campeão brasileiro em 1985. O ex-atleta, além de ter feito muitos gols pelo Coxa, também teve o privilégio de colocar dois filhos no meio do esporte. O atacante Alecsandro e o volante Richarlyson podem não ser craques, mas têm certa importância no cenário nacional. ‘Alecgol’ foi campeão da Libertadores pelo Internacional e pelo Atlético Mineiro. Richarlyson, além do Mundial de Clubes da Fifa, levantou três vezes o Brasileiro com o São Paulo e também estava na campanha do título da Libertadores do Galo, em 2013. Atualmente os irmãos defendem Palmeiras e Chapecoense, respectivamente.

Kai Erik e Isabell Herlovsen

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Pensou que só pai e filho teriam lugar neste post? Se enganou. Temos aqui um exemplo bem bacana vindo da Noruega. O pai Kai Erik Herlovsen atuou como defensor nos anos 1970 e 80, com passagem notável pelo Borussia M’gladbach. Enquanto atuava nos Potros, teve uma filha chamada Isabell. A menina, que atua como atacante, foi iniciada no esporte em 2004. Desde então joga pela seleção norueguesa. Já foi quatro vezes campeã nacional em sua terra, além de ter vencido o Francesão com o Lyon em 2010.

Janos e Dzsenifer Marozsán

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O meia húngaro Janos Marozsán passou quase como um anônimo pelo futebol e atuou entre 1985 e 1997, sem muito destaque, por equipes de seu país e pelo Saarbrucken da Alemanha. O seu maior feito para o futebol é ser pai da meiocampista Dzsenifer Maroszán, que atua pela Alemanha. A menina começou no mesmo clube que o pai encerrou a sua carreira, o Saarbrucken. Hoje está no Frankfurt e já conquistou uma Eurocopa com a seleção alemã. Pela equipe sub-20, foi campeã mundial em 2010. Veste a camisa 10 da equipe germânica.

Rolf e Oliver Kahn

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O meia Rolf Kahn teve papel de destaque pela equipe do Karlsruher entre 1962 e 1965, antes de jogar por Phönix Bellheim, Homburg (não o Hamburgo) e Frankonia Stupferich. Ninguém lembraria do letão (sim, o Seu Rolf não era alemão), se não fosse a existência de seu filho e grande goleiro Oliver. Em 1969, quando Rolf deixava o futebol, o herdeiro nascia. Apareceu para o mundo em 1987, como gigante loiro com mullets que pegava até pensamento debaixo da trave do Karlsruher. Em 1994 foi para o Bayern de Munique e virou o grande goleiro da Alemanha até se aposentar em 2008. Ao todo, Oliver ganhou a Eurocopa de 1996, a Champions em 2001, oito vezes a Bundesliga, seis Copas da Alemanha, seis vezes a Copa da Liga alemã, uma vez a Copa Uefa e o Mundial Interclubes. Foi titular na Copa de 2002 e levou o prêmio de melhor jogador do torneio antes da final contra o Brasil. O prêmio zicou a vida de Kahn, que falhou feio no primeiro gol de Ronaldo e acabou sendo crucial para a conquista do Penta. Até aquele jogo o grandão só tinha sofrido um tento na competição. Coitado.

Jorge e Gonzalo Higuaín

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Jorge ‘Pipa’ Higuaín era zagueiro e teve sua melhor fase com a camisa do River Plate. Apesar de não ser muito técnico, compensava com força e boa marcação. Se aposentou em 1992, pelo Banfield, com dois títulos argentinos no currículo, ambos pelo River. Vivia na França quando teve seu segundo filho, Gonzalo. O menino virou atacante dos bons e começou no mesmo River. Vários gols depois, assinou com o Real Madrid e ganhou o status de indispensável para a Argentina. Hoje está no Napoli e é o matador do time italiano. Já venceu três vezes a Liga espanhola, uma vez a Copa do Rei e uma Copa da Itália pelos partenopei. Gonzalo, que participou de duas Copas do Mundo, foi vice-campeão em 2014. Seu irmão mais velho, o também atacante Federico, tem menos prestígio e atua pelo Columbus Crew, dos Estados Unidos.

 

Gaetano Scirea

Gaetano Scirea

1989, o verão europeu está terminando e, pelo campeonato polonês, jogam ŁKS Łódź e Górnik Zabrze. Na arquibancada, o jovem assistente técnico da Juventus de Turim observa o próximo adversário da Copa da UEFA. Na sua caderneta ele faz valiosas anotações sobre o atacante Ryszard Cyroń, marcador dos dois gols do Górnik Zabrze na partida daquele sábado.

O jogo termina tarde, deixando a volta para casa para o dia seguinte, logo depois da missa. O assistente sabe que tem pela frente 4 horas de viagem até Varsóvia, onde um voo para Turim o aguarda. O motorista parece ter pressa, porque o Fiat 125P está muito acima da velocidade permitida. Uma decisão instintiva, a ultrapassagem perigosa e, em questão de segundos, surge à sua frente um caminhão que transporta combustível. Em poucos minutos, o veículo está em chamas. Aos 36 anos, Gaetano Scirea está morto.

Scirea nasceu no dia 25 de maio de 1953, em Cernusco sul Naviglio, na Lombardia. Criado nas categorias de base do Atalanta, onde jogou de 1972 a 1974, foi na Juventus que ele conquistou tudo.

Gai, como era conhecido, é um dos cinco jogadores da história do futebol europeu que venceu todos os troféus internacionais reconhecidos pela UEFA e pela FIFA. Foram sete scudetti, duas Copas da Itália, uma Copa UEFA, uma Copa dos Campeões, uma Recopa UEFA, uma Supercopa europeia, um Mundial Interclubes e uma Copa do Mundo. Em sua imaculada carreira, talvez, o recorde que mais o represente é o de nunca ter sido expulso.

Como Scirea nenhum outro

Personagem raro no mundo do futebol, sobre Gaetano Scirea se pode escrever muito, mas nunca o suficiente. Impossível descrevê-lo sem repetir adjetivos como classe, talento, elegância, decência, gentileza e personalidade. Um cavalheiro com uma leitura incomparável do jogo, líbero por definição, como poucos. Ao contrário de Franz Beckenbauer e Franco Baresi, dois mitos na posição, que eram defensores que avançavam, Scirea era defensor quando estava na defesa e atacante quando estava no ataque. A “Velha Senhora” não amou ninguém como amou Gaetano.

Um dos protagonistas da conquista italiana de 82 – de seus pés saiu o passe para o gol de Tardelli que rendeu à Itália o tricampeonato – já tinha se destacado na Copa da Argentina, em 1978. Sua aventura azzurra terminou depois da Copa de 86, no México. Para dar a dimensão da importância de Scirea na seleção italiana basta lembrar que por causa dele Baresi passou seis anos na reserva.

Fora do campo

As homenagens não se limitam ao futebol No dia 26 de agosto de 2011, a banda Stadio lançou a musica “Gaetano e Giacinto”, dedicada a Scirea e Facchetti. Mesmo sem nunca ter pisado nos gramados nem do Delle Alpi nem do Juventus Stadium, a curva sul dos ultras juventinos leva seu nome.

Em sua memória foi criada a “Coppa Gaetano Scirea”, torneio internacional de futebol juvenil, realizado anualmente na cidade de Matera. A prefeitura de Turim deu seu nome à uma rua, no bairro de Mirafiore, zona periférica. Um prêmio para quem sempre preferiu os campinhos de várzea aos sofisticados parques da cidade piemontesa.

“Dizem que durante a partida, um jogador se transforma: bobagem, você é apenas você. Conta o instinto, ali não existe o freio da inteligência, aparece o profundo. E o profundo de Scirea era Scirea. Um defensor que nunca foi expulso porque para ele bastava a classe. Nunca vi ninguém mais elegante, com a cabeça erguida. E pureza do toque era a pureza moral. Homens importantes: quanta riqueza. Hoje a exasperação de tons me faz sentir ainda mais profundamente o vazio da perda. Gaetano me faz falta no caos das palavras inúteis, dos valores absurdos, das bobagens. Sinto falta do seu silêncio retumbante.” (Dino Zoff)

Às vezes, o futebol esquece e é preciso recordar. Gaetano Scirea era número 6 e escreveu seu nome na história do futebol. Discreta e timidamente. É preciso recordar que ele foi grande. Muito além dos títulos, poucos jogadores conquistaram a admiração e o respeito de companheiros e adversários. Saiu de cena sem alarde, como tudo que fez na vida.

São passados 26 anos daquele 3 de setembro de 1989. O tempo, que marca nossa vida, insiste em nos lembrar que os grandes não envelhecem e não morrem. Eles vivem na chama eterna da memória.

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  • Publicado originalmente no site “Todo Futebol”

Copa 2014 – No clube dos estrelados, Itália e Brasil são os grandes perdedores

A festa acabou, agora começa a ressaca do Mundial. Enquanto Alemanha, merecidamente, é coroada a rainha do baile, sobrou o rescaldo para quem crash and burn durante a Copa do Mundo. A Azzurra, tetracampeã, ficou na primeira fase, perdeu o rumo, o técnico e toda a cúpula do futebol. Sai do mundial sem glória e com uma boa crise de identidade. O Brasil conseguiu fazer pior. Perder uma Copa em casa não era novidade, mas desta vez nos superamos. O futebol brasileiro foi esmagado, sob o olhar incrédulo de bilhões de expectadores, pela nova Alemanha. Uma Alemanha paz e amor, mais brazuca que a bola da Copa e que os 23 convocados por Luis Felipe Scolari.

O futebol italiano está agonizando. O futebol brasileiro está em coma. Agora é preciso descobrir se ainda existe alguma chance de reanimação. O que é possível dizer, sem medo de errar, é que a recuperação será longa e dolorosa. Mas, antes de desligar os aparelhos, vamos analisar os sintomas e ver se ainda dá para salvar o paciente.

 

1- Técnico não é Deus

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Cesare Prandelli e Luis Felipe Scolari tentaram impôr um estilo, que desde o começo parecia fadado ao insucesso. Prandelli e seu ‘Código Ético’, bastante duvidoso, que usava dois pesos e duas medidas e punia alguns e deixava passar faltas graves. Scolari tentou reeditar a fórmula de 2002, sem se dar conta que 12 anos se passaram e o futebol evoluiu. Se a seleção italiana é menos ‘marketeira’ que a brasileira, também pecou por se preocupar mais com a camisa modernosa que com a preparação para a competição mais importante do futebol. Scolari com sua já conhecida arrogância deitou sobre os louros da conquista de 2002 e achou que ganhar a Copa das Confederações significava alguma coisa.

 

2- Jogador estrela nem sempre brilha

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Balotelli era a grande promessa da Itália. Prandelli sempre perdoou as derrapadas de Mario, insistindo que ele era só um menino rebelde carente de atenção. Neymar era a grande esperança do Brasil, mas sozinho ninguém faz nada. Balotelli saiu do mundial sem dizer a que veio. Para Neymar sobrou a constrangedora tarefa de explicar o inexplicável em uma coletiva ridícula.

3- É impossível ser feliz sozinho

A Itália tem Pirlo, um dos ‘senadores’, campeão de tudo nos últimos 10 anos. Pirlo é um dos maiores centrocampistas do mundo, disso ninguém tem dúvida, mas não joga sozinho. Quando é bem marcado, a Itália não cria nem joga. Só Prandelli não sabia disso. O Brasil tem Júlio César, que já viu melhores dias e gramados mais verdes. Jogar a responsabilidade de liderar uma seleção sem pé nem cabeça pra cima do pobre goleiro brasileiro é, no mínimo, cruel. Júlio César está no mesmo barco que Casillas, foi do céu ao inferno, desmoronou emocionalmente e saiu da Copa pior do que entrou.

4- A estrutura balança-mais-não-cai

Tanto a FIGC quanto a CBF estão há décadas nas mãos dos mesmos. A federação italiana é até mais organizada que a brasileira, criou um centro de treinamento, em Coverciano, e mantém cursos de aperfeiçoamento para treinadores. No papel até funciona. A CBF é a várzea que todos nós conhecemos.

5- Eurocopa e Copa das Confederações são ouro de tolo

A Espanha ganhou a Euro e perdeu de 5 a 1 para a Holanda na estréia da Copa. A Fúria e seu tiqui-taca começaram a naufragar na Copa das Confederações, quando os jogadores espanhóis estavam mais preocupados em curtir a praia e farrear com as moças faceiras de Fortaleza. Em um ano muita coisa aconteceu, Casillas foi para o banco e o resto do time amargou contusões e momentos menos brilhantes. O Brasil também acreditou que ganhar a Copa das Confederações era um bom sinal. A Itália, vice-campeã da Euro, nunca mais consegui jogar tão bem quanto na competição europeia e sofreu em algumas partidas das eliminatórias. Enquanto ninguém prestava atenção, a Alemanha fazia a sua parte e se preparava para a competição que realmente vale.

6- Os favoritos do ‘Professor’ sempre decepcionam

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Prandelli sempre teve um fraco por Cassano e Balotelli, apesar deles renderem mais manchetes pelo mau comportamento que pelo que jogam. Criou um ‘Código Ético’ para ver se eles entravam na linha e acabou julgado por sempre olhar para o outro lado a cada bobagem que os dois faziam em campo. Cassano fez um campeonato razoável pelo Parma, seu enésimo time em 15 anos de carreira como profissional. O que fez durante a temporada não garantiria uma convocação. Balotelli, como todo o Milan, foi uma sombra do que tinha sido nos últimos dois anos. A Itália perdeu Montolivo às vésperas da Copa e Prandelli se viu numa camisa de 11 varas, que o obrigou a manter na lista dos 23 alguns que ele pretendia cortar. A grande sacanagem foi convocar Giuseppe Rossi, que estava em franca recuperação, e cortá-lo da lista final. Lippi apostou em Totti, em 2006, e saiu-se muito bem. Não deu a mesma sorte com Pirlo em 2010. Depois da vitória na Copa das Confederações, Felipão falou para quem quisesse ouvir que a seleção para a Copa era Júlio César mais 10. Não levou em conta que Júlio César, numa vertiginosa espiral descendente, não estava nem no banco do Queens Park Rangers, time da segunda divisão inglesa. Como sempre pode piorar, foi vendido para o obscuro Toronto FC. Scolari apostou em Maicon e em Fred, dois jogadores decadentes, ignorando os protestos da imprensa esportiva e da torcida. Em comum, os dois técnicos têm a soberba de querer provar que tem sempre razão, mesmo quando a realidade mostra exatamente o contrário.

7- Quando a demissão é uma farsa

Depois da goleada de 7 a 1, todos esperavam que Scolari se demitisse. A imprensa esportiva brasileira chegou a usar como exemplo a atitude de Prandelli, que jogou a toalha após a eliminação da Itália, pegando todo mundo de surpresa. De Scolari não se podia esperar a mesma coisa, visto que o Brasil ainda tinha que disputar a partida pelo 3º lugar. Largar a seleção faltando um jogo seria, no mínimo, estúpido. Prandelli e Felipão são pessoas diametralmente diferentes. Cesarone é educado e Scolari não prima pela delicadeza. O que Pradelli fez está longe de ser uma atitude nobre. Dez dias depois de dizer que não treinaria um time de futebol por um ano, assinou com o Galatarasay e se mandou da Itália. Scolari fez o jogo da CBF e pagou caro. O treinador, após derrubar o Palmeiras para a Série B, foi premiado com o cargo máximo do futebol brasileiro. Como diz o ditado ‘Quem dorme com cobras, amanhece picado’. Scolari dormiu técnico e acordou no olho da rua.

8- Depois da queda vem o chorume

No dia da derrota para o Uruguai, o chumbo trocado começou na zona mista. Buffon e De Rossi desceram a lenha nos jogadores jovens da seleção italiana, que sumiram em campo e na hora da derrota, deixando para eles a inglória tarefa de dar explicações. Na volta para a Itália foi a vez de Antonio Cassano defender os companheiros e atacar os ‘senadores’, especialmente Buffon. Em seguida veio a entrevista de Prandelli, que virou a metralhadora contra Balotelli, a quem sempre defendeu. Enfim, o chorume rolou solto. No Brasil a coisa foi um pouco diferente. Nenhum jogador veio abertamente falar sobre o clima na Granja Comary nem atacar a comissão técnica. Ainda. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos

9- Sem estrelas no futuro próximo

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A Alemanha começou a reformulação do futebol no dia seguinte à eliminação da Copa disputada em casa. Começar do zero é uma coisa que alemão sabe fazer bem. Para seguir o exemplo alemão, tanto o futebol italiano quanto o brasileiro já estão atrasados. O comando da federação italiana continua vago e aqueles que decidirão o futuro do futebol italiano estão curtindo as férias de verão. A CBF fez uma ‘faxina’, demitiu da comissão técnica ao office boy, mas o comando passará de José Maria Marin para Marco Polo Del Nero, presidente eleito da CBF. Tudo muda, tudo fica igual. E o penta da Itália e o hexa do Brasil estão mais distantes que nunca. O problema é a Alemanha pegar gosto de bordar estrelas na camisa.

10- Recomeçamos daqui

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Se Itália e Brasil tem alguma pretensão de voltar à elite do futebol, precisam começar agora o Ano Zero. Nada vai apagar as campanhas lamentáveis da Azzurra nas duas últimas Copas nem o histórico 7 a 1 que o Brasil levou da Alemanha. Quem ama futebol tem que estar preocupado. Se a solução for contratar um técnico estrangeiro, que esteja disposto a encarar esses dois desafios, bem-vindo, a casa é sua, não repare na bagunça. O que a Itália tem para oferecer é um estrutura de base bastante satisfatória, porque nem tudo que foi feito desde 2006 é digno de ser jogado no lixo. O Brasil não tem nada para oferecer. Talvez o ideal seja começar com um mea culpa.

Itália e Brasil precisam de um desfibrilador, de uma injeção de adrenalina e de um sinal de que o pulso ainda pulsa.

“55 Secondi” – Il futuro non è scritto

“Lascia che ti racconti storie dei mesi dell’anno, di fantasmi e cuori infranti, di terrore e desiderio. Lascia che ti racconti di bevute fino a tardi e telefoni senza risposta, di buone azioni e brutti giorni, di distruzioni e ricostruzioni, di uomini morti che camminano e padri perduti, di piccole fanciulle francesi a Miami, di lupi sinceri e di come parlano alle ragazze. Ci sono storie nelle storie, sussurrate nelle orecchie nella quiete della notte, gridate sopra il boato del giorno, e recitate tra amanti e nemici, stranieri e amici. Ma tutte, tutte sono cose fragili, fatte unendo solo 26 lettere sistemate e risistemate ancora e ancora per formare racconti e immagini che, se glie lo permetti, abbaglieranno la tua immaginazione e ti commuoveranno fin nel profondo della tua anima.” (Neil Gaiman) 

 

La fotografia ha il potere di fermare il tempo. Alcune immagini, più di altre, possono catturare un momento ed immortalarlo. Questo è il caso della copertina del “Jornal da Tarde” del 6 luglio 1982, che per me è la prima pagina più rimarchevole del giornalismo brasiliano. Tutto il sentimento di un popolo catturato dalle lenti di Reginaldo Manente. C’è un’altra foto, questa volta un salto di gioia, un uomo a librarsi in aria. Due momenti diversi, di tristezza e di gioia, i due estremi dello spettro delle emozioni umane, che meriterebbero esserci nella “capsula del tempo”, il messaggio nella bottiglia che Carl Sagan ha inviato nello spazio a bordo della Voyager, insieme a saluti in 55 lingue, ai suoni della natura, Bach, Beethoven, Mozart e “Johnny B. Goode” per spiegare ad altre vite di altri mondi chi siamo, di che cosa siamo fatti e tutta la sintesi di ciò che è un“essere umano”.

 

La storia della foto della prima pagina tutti noi conosciamo. In verità, ho evitato leggere e guardare il video che mostra l’incontro tra il ragazzino della foto e Paolo Rossi. No, grazie, perché non ho bisogno che nessuno mi spieghi cosa ho sentito quel giorno. Dell’altra foto, dell’uomo a librarsi in aria, non sapevo nulla. Forse, per questa ragione, un libro su questo soggetto mi ha sembrato così affascinante.

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“55 Secondi” racconta la storia di quella foto. La storia di cose fragili, di sogni distrutti e di cuori infranti. La storia dell’aspettativa di un momento particolare di vita, la fine dell’innocenza, il primo e più doloroso cambio di pelle che significa crescere. Io potrei riassumere dicendo che è la storia di come  due ragazzini romani – e tutta una città – ha vissuto la partita più importante della loro vita, ma questa sarebbe una visione redutiva di cosa rappresenta questo libro. È la storia di un 30 maggio che ha deffinito i 30 seguenti. Perché il 30 maggio 1984 non è soltanto il giorno in cui Roma ha giocatto la sua prima finale della Coppa dei Campioni, in un’epoca in che soltanto i campioni partecipavano del torneo.  Perché il 30 maggio non è una partita, non è un punto di partenza, ma un punto d’arrivo. E la grande bellezza del libro non è quella di raccontare una partita, ma l’attesa, il modo com’è stata vissuta, vista e percepita da questi due ragazzi, uno di 11 e l’altro di 14 anni. Questo libro è una resa dei conti con la fine dell’infanzia, è un debito da pagare con se stesso e con tutti gli altri che non sono in grado di usare le parole per descrivere in modo così semplice e commosso ciò che quella immagine rappresenta. È un libro fatto per i figli. È un legato. 

 

Tonino Cagnucci e Paolo Castellani sono i due bambini narratori di questa storia. Tra la filosofia e il calcio,  Cagnucci ha scelto di fare del calcio la sua poesia. Castellani si è avviato per la strada dell’arte. Si tratta di uno studioso, un collezionista e la sua Mona Lisa è la maglia che Agostino Di Bartolomei ha vestito in quel 30 maggio. Agostino Di Bartolomei è l’uomo che vola in quella foto. È l’uomo che ha scelto un altro 30 maggio, dieci anni dopo, per lasciare il mondo. Questo libro è, in un certo modo, necessario per spiegare l’altro 30 maggio e per fare un altro omaggio a Di Bartolomei.

 

Non ha importanza, se il calcio ti piace o meno, questo è un libro che dovrebbe essere letto senza pregiudizi, perché oltre che un libro sul calcio, ne parla della vita. Questo viaggio per la memoryland, è una passeggiata mano nella mano con questi due ragazzini per una Roma sconosciuta, tutta dipinta di giallo e rosso, chiassosa e piena di chimera, che respirava un profumo di speranza e sognava lo stesso sogno per tutti. È anche il ritratto di una generazione che ha letto troppo, ha sentito molta musica, ha visto e ha sentito troppo, e adesso prova a spiegare a quelli che ce l’hanno tutto in un click, com’era vivere tanto avendo quasi niente. Tutta l’emozione di sentire una partita di calcio alla radio, di usare più l’immaginazione che altri sensi. L’ultima generazione analogica della storia che ha visto Blade Runner ed è uscita dal cinema pensando che uno scanner fotografico era una cosa quasi tanto impossibile come il teletrasporto. La generazione che ha vissuto ogni piccola gioia sapendo che, in fondo, di piccola non ne avevano nulla. “Io ne ho viste cose che voi umani non potreste immaginarvi”, voi della generazione del iPhone, delle SmartTVs, dell’internet a fibra ottica, delle reti sociali, voi non fate la minima idea. E com’era meraviglioso immaginare, sognare, desiderare qualcosa. Non esiste una vita senza musica e ogni capitolo è permeato dalla colonna sonora del 1983-84 – tranne dei The Clash perché loro sono eterni e sempre attuali – The Cure, Lotus Eaters, The Police, U2, The Smiths, Wham ed Antonello Venditti. La musica che descriveva il mondo, la vita e l’amore che noi, umani, avremmo un giorno sentiti. 

 

È impossibile passare per la vita senza perdere qualcosa, senza cicatrici.  C’è bisogno di fare i conti col passato, per andare avanti, anche se, a volte, sembri difficile trovare la forza per farlo. Il modo in cui Cagnucci e Castellani hanno trovato per raccontar un’altra volta il miglior, il più grande, il più incredibile, il più eclatante e il momento più terrificante della loro infanzia è una conversazione che attraversa i nove mesi della stagione romanista nella Coppa dei Campioni, senza lasciare di rendere omaggio all’avversario che distruggeva il sogno. Il libro inizia e finisce con una rispettosa riverenza al Liverpool, raccontando la finale della Champions League del 1977, tra Liverpool e Borussia Mönchengladbach, giocata a Roma, e il cerchio si chiude con “You’ll Never Walk Alone”, la canzone che il Liverpool ha tenuto per se e si libra sopra i cancelli di Anfield. In questo libro, in nessun momento, ma soprattutto in quella primavera indimenticabile del 1984, camminiamo da soli. La primavera prima dell’inverno del  scontento, prima dell’addio al divino Falcão, prima della tempesta che si avvicina e porterà via  il Barão e il Capitano a Milano, come sognava Prospero. “Siamo fatti anche noi della materia di cui son fatti i sogni; e nello spazio e nel tempo d’un sogno è racchiusa la nostra breve vita.”. E sogni di bambini, anche se delicati, sono dificile da uccidere. Dobbiamo parlare delle cose che ci fanno male perché 30 anni è un lungo tempo per trattenere il respiro. È necessario tornare a respirare, aprire le finestre e i cassetti, liberare i fantasmi, rinnovare i sogni, aver fiducia nel cuore e iniziare a scrivere una nuova storia.

 

Il calcio è una metafora della vita, delle battaglie quotidiane, dell’amore perso e riacquistato, delle piccole vittorie e delle grandi sconfitte.  No. Il calcio è la vita. È perderne qualcuna e vincerne altre. È la prossima partita. È l’attesa di qualcosa che ci fa sentire grande, anche se solo per 90 minuti. È la memoria che non si cancella mai. Il calcio è l’amore. Per una squadra, per i suoi colori, per la sua storia fatta di lacrime di gioia e di tristezza. Una storia fatta dagli uomini che non saranno mai comuni nel ricordo di un bambino. Il calcio è un’eredità che passa di generazione in generazione ed è stampata nel DNA. Il calcio sono quei 55 secondi sospesi nel tempo per 30 anni e per sempre. 55 secondi in cui tutto sembrava possibile. 55 secondi in cui la Roma era di nuovo il centro dell’universo, in cima del mondo, la più grande in Europa. Chi questo non capisce, mai capirà.

 

Lilian Trigo ama la fotografia, il cinema, la letteratura, la musica e il calcio. Non esattamente in questo ordine. Non ha paura di scarafaggio e crede che la miglior difesa è il distacco. Scrive con la mano destra ma calcia col piede sinistro.

*Publicado originalmente no Portale Eh Già

55 Segundos no topo do mundo

“Deixa que te conte histórias dos meses do ano, de fantasmas e corações partidos, de terrores e desejo. Deixa que te conte de bebedeiras até tarde da noite e de telefonemas sem resposta, de boas ações e dias ruins, de término e reconciliação, de homens mortos que caminham e pais perdidos, de moças francesas em Miami, de lobos confiáveis e de como falar com as meninas. Existem histórias dentro das histórias, sussurradas no ouvido no silêncio da noite, gritadas acima do rugido do dia, e representadas entre amantes e inimigos, estranhos e amigos. Mas todas, todas são coisas frágeis inventadas usando 26 letras arranjadas e rearranjadas uma vez e outra para formar contos e fantasias que, se você deixar, irão deslumbrar os seus sentidos, assombrar a sua imaginação e movê-lo para as profundezas da sua alma.” (Neil Gaiman)

 

A fotografia tem o poder de parar o tempo. Algumas imagens, mais que outras, conseguem captar um momento e eternizá-lo. É o caso da capa do Jornal da Tarde do dia 6 de Julho que, para mim, é a primeira página mais marcante da história do jornalismo brasileiro. Todo o sentimento de um povo capturado pelas lentes de Reginaldo Manente. Existe outra foto, desta vez um salto de alegria, um homem que paira no ar. Dois momentos distintos, de tristeza e de alegria, as duas pontas do espectro das emoções humanas, que mereceriam estar na ‘cápsula do tempo’, na mensagem na garrafa que Carl Sagan enviou para o espaço a bordo da Voyager junto com saudações em 55 línguas, os sons da natureza, Bach, Beethoven, Mozart e “Johnny B. Goode” para explicar para outras vidas de outros mundos quem somos, de que somos feitos e toda a síntese do que é ‘ser humano’.

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A história da foto da primeira página todos nós sabemos. Na verdade, evitei ler ou assistir o vídeo que mostra o encontro entre o menino da foto e Paolo Rossi. Agradeço e passo, porque não preciso que ninguém me explique o que senti naquele dia.  Da outra foto, a do homem suspenso no ar, não sabia nada. Talvez, por isso, um livro sobre ela me pareceu tão fascinante. 

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“55 Secondi” conta a história daquela foto. A história de coisas frágeis, de sonhos destruídos e corações partidos. A história da expectativa de um momento único na vida, do fim da inocência, da primeira e mais dolorosa troca de pele que significa crescer. Eu poderia resumir tudo dizendo que é a história de como dois meninos romanos – e toda uma cidade – viveram a partida mais importante de suas vidas, mas esta seria uma visão simplista do que este livro representa. É a história de um 30 de Maio que definiu os 30 seguintes. Porque o 30 de maio de 1984 não é apenas o dia em que a Roma disputou sua primeira final de Copa dos Campeões, numa época em que só os campeões participavam do torneio. O 30 de maio de 1984 não é uma partida, não é a partida, mas a chegada. E a grande beleza do livro não está em contar a partida em si, mas a espera, a maneira como ela foi vivida, vista e sentida por esses dois meninos, um de 11 e outro de 15 anos. Este livro é um acerto de contas com o fim da infância, é uma dívida paga com si mesmo e com todos os outros que não são capazes de usar as palavras para descrever de maneira tão simples e comovente o que aquela imagem representa. É um livro feito para os filhos. Um legado. 

Tonino Cagnucci e Paolo Castellani são os dois meninos narradores desta história. Entre a filosofia e o futebol, Cagnucci escolheu fazer do futebol sua poesia. Castellani enveredou pelo caminho da arte. É um estudioso, um colecionador e sua Monalisa é a camisa que Agostino Di Bartolmei usou naquele 30 de maio. Agostino Di Bartolomei é o homem que voa na foto. É o homem que escolheu um outro 30 de Maio, dez anos depois, para deixar o mundo. Este livro é, de certa forma, necessário para explicar o outro 30 de maio e para render mais uma homenagem a Di Bartolomei. 

Não importa se você gosta ou não de futebol, este é um livro que deve ser lido sem nenhum preconceito, porque mais que um livro sobre futebol, ele fala da vida. Esta viagem pela memoryland é um passeio de mãos dadas com esses dois meninos por uma Roma desconhecida, toda pintada de vermelho e amarelo, ruidosa e esperançosa, que respirava um perfume de esperança e sonhava toda o mesmo sonho. É também um retrato de uma geração que leu demais, ouviu muita música, viu e sentiu demais e agora tenta explicar para aqueles que têm tudo em um clique, como era viver tendo tanto sem ter quase nada. Toda a emoção de ouvir uma partida de futebol pelo rádio, usar mais a imaginação que os outros sentidos. A última geração analógica da história, que assistiu Blade Runner e saiu do cinema imaginando que um scanner de fotos era uma coisa quase tão impossível quanto o teletransportador. A geração que viveu cada pequena alegria sabendo, no fundo, que de pequenas elas não tinham nada. “Eu vi coisas que vocês não acreditariam”, vocês da geração dos iPhones, das SmartTvs, da internet por fibra, das redes sociais, não fazem idéia. E como era maravilhoso imaginar, sonhar, ansiar por alguma coisa. Não existe vida sem música e cada capítulo é permeado pela trilha sonora de 1983/84 – fazendo uma exceção ao The Clash, porque eles são eternos e sempre pertinentes – The Cure, Lotus Eaters, The Police, U2, The Clash, The Smiths, Wham e Antonello Venditti. A música que descrevia o mundo, a vida e o amor que nós, humanos, iríamos um dia sentir. 

É impossível passar pela vida sem perder algumas coisas, sem algumas cicatrizes. É preciso acertas as contas com o passado para poder seguir em frente, mesmo que, às vezes, pareça difícil encontrar a força para fazê-lo. A maneira que Cagnucci e Castellani encontraram para recontar o melhor, o maior, o mais incrível, o mais marcante e o mais terrível momento de sua infância é uma conversa que atravessa os nove meses da campanha romanista na Copa de Campeões, sem deixar de render homenagem ao adversário que destruir o sonho. O livro começa e termina com uma respeitosa reverência ao Liverpool, contando a da final da Copa de Campeões de 1977, entre Liverpool e Borussia Mönchengladbach , disputada em Roma, e fecha o círculo com “You’ll Never Walk Alone”, a música que o Liverpool tomou para si e paira acima dos portões de Anfield. Neste livro, em nenhum momento, mas especialmente naquela primavera inesquecível de 1984, caminhamos sozinhos. A primavera antes do inverno do descontentamento, antes do adeus do Divino Falcão, antes da tempestade que se avizinha e levará o Barão e o Capitano para Milão, como sonhava Próspero. “Somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono”. E sonhos de criança, mesmo delicados, são difíceis de matar. Nós devemos falar sobre as coisas que nos fazem mal, porque 30 anos é muito tempo para prender a respiração. É preciso voltar a respirar, abrir as janelas, as gavetas, soltar os fantasmas, renovar os sonhos, confiar no coração e começar a escrever uma nova história.  

O futebol é uma metáfora da vida, das batalhas diárias, do amor perdido e reconquistado, de pequenas vitórias e grandes derrotas. Não. O futebol é a vida. É perder algumas e ganhar outras. É a próxima partida. É a expectativa de alguma coisa que nos faz sentir grandes, mesmo que só por 90 minutos. É a memória que nunca se apaga. O futebol é amor. Por um time, pelas suas cores e pela sua história feita de lágrimas de alegria e tristeza. Uma história feita por homens, que nunca serão comuns na lembrança de uma criança. O futebol é uma herança que passa de geração para geração e está impressa no DNA. O futebol são aqueles 55 segundos suspensos no tempo por 30 anos e para sempre. 55 segundos em que tudo parecia possível. 55 segundos em que a Roma era de novo o centro do Universo, no topo do mundo, a maior da Europa. Quem não entende isso, nunca entenderá. 

*Publicado originalmente no Portale Eh Già

 

Itália e Uruguai, duelo de campeões

Nove partidas, duas vitórias italianas, quatro empates e três vitórias do Uruguai. Estes são os números do confrontos entre os dois campeões do mundo que se enfrentam na última rodada da fase de grupos da Copa de 2014.

A primeira partida entre as duas seleções foi pelas seminais da Olimpiada de 1928, em Amsterdam. O dia 7 de junho de 1928 entrou para a história como o primeiro jogo oficial da Azzurra contra uma seleção sulamericana. A Itália saiu na frente com um gol de Adolfo Baloncieri , aos 9 minutos do primeiro tempo. O Uruguai empatou, aos 17 minutos, com Cea e a virada veio aos 28 minutos com um gol de Campolo. Três minutos depois, a equipe uruguaia marcou seu terceiro gol com Scaroni. A seleção italiana ainda tentou reagir marcando um gol,  aos 15 minutos do segundo tempo, em uma jogada de Levratto, mas não teve forças para uma virada. A equipe treinada por Augusto Rangone, considerado o último romântico do futebol,  conquistou a medalha de bronze. O ouro ficou com o Uruguai.

Itália e Uruguai só se enfrentaram duas vezes em mundiais: em 1970, no México, e em 1990, na Itália. Pela segunda partida da fase de grupos, no dia 6 de junho de 1970, no Estádio Cuauhtemoc, em Puebla, o jogo não saiu do 0 a 0.

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Já no 25 de junho de 1990, no Estádio Olímpico de Roma, pelas oitavas de final, a Itália venceu por 2 a 0, com gols de Schillaci, aos 65 minutos, e de Serena, aos 83 minutos.

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O último confronto entre as duas campeãs foi na Copa das Confederações pela disputa do terceiro lugar, no dia 30 junho de 2013, na Arena Fonte Nova, em Salvador. A partida terminou empatada em 2 a 2, com gols de Astori e Diamante para a Itália e dobradinha de Cavani. Na dispita de pênaltis, a Itália levou a melhor, vencendo por 3 a 2, graças a três defesas de Buffon.

Mesmo que os números não sejam muito favoráveis à seleção italiana, a equipe de Prandelli precisa mostrar serviço e se redimir da participação grotesca na última Copa, quando foi eliminada na primeira fase do torneio.

A Costa Rica, zebra absoluta deste mundial, passou por cima de Inglaterra e Itália e garantiu sua vaga na próxima fase. Itália e Uruguai jogam pela vaga restante. Uma campeã mundial dirá adeus ao mundial brasileiro. Se azul é a cor mais quente, que seja Azzurro.

*Publicado originalmente no Portale Eh Già

Copa 2014 – Itália x Costa Rica: zebra ou passeio?

Esta é uma partida sem nenhuma tradição, apenas dois confrontos, uma vitória para cada lado. A partida mais importante foi vencida pela Costa Rica, na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, e a única vitória italiana foi em um amistoso, dez anos depois, um pouco antes do início da Copa de 1994.

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O encontro olímpico, dia 2 de agosto de 1984, foi o último jogo da fase de grupos e a chance de uma despedida honrosa dos costarriquenhos, que vinham de duas derrotas seguidas para os Estados Unidos e o Egito. A seleção italiana era franca favorita, treinada por Enzo Bearzot, que dois anos antes havia vencido o mundial da Espanha. O time italiano renovado seria a base da seleção que disputaria a Copa do Mundo na Itália. Alguns nomes se destacavam, como Franco Baresi, Walter Zenga, Giuseppe ‘Beppe’ Signori, Pietro Vierchowod, Maurizio Iorio e os ‘scudettados’ Franco Tancredi e Sebastiano Nela.

Para a Costa Rica o jogo era só para cumprir tabela e o técnico espanhol Antonio Moyano Reyna, apesar de considerar o empate um ótimo resultado, mandou para o campo um time bastante defensivo, fechando todos espaços e impedindo as jogadas do time italiano. O goleiro Marcos Rojas transformou-se em uma muralha impenetrável e, em uma jogada bem armada, Carlos Toppings roubou uma bola no meio campo e passou para Enrique Rivers, que viu que Guillermo Guardia e Evaristo Coronado estavam livres. Rivers lançou a bola para Guardia, que foi inteceptada por Vierchowod chegando livre aos pés de Rivers. O chute ganhou potência e entrou no canto oposto pegando Zenga de surpresa. 1 a 0 para a Costa Rica.

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O segundo jogo entre as duas seleções, foi um amistoso em New Heaven, nos Estados Unidos, no dia 11 de Junho de 1994, como parte da preparação da seleção italiana para a estréia no mundial americano. Os Azzurri de Arrigo Sacchi venceram a Costa Rica, em uma partida pouco brilhante, com um gol salvador de Beppe Signori aos 25 minutos do segundo tempo.

A Costa Rica é um completo mistério para a equipe de Cesare Prandelli e, antes do começo na Copa, era considerada o underdog do ‘grupo da morte’, que reúne três campeões mundiais. Depois da vitória fácil contra o Uruguai, o time da América Central deve ter tirando o sono de Cesare Prandelli que, além de problemas para escalar a defesa titular, com os contundidos Buffon, Barzagli e Bonucci, ainda tem como adversário o calor de Recife.

O jogo pode ser um passeio para a seleção italiana, mas é sempre bom ficar de olho, porque a zebra andou passeando na primeira rodada do mundial e já mandou para casa a Espanha, última campeã mundial. Façam suas apostas.

*Publicado originalmente no Portale Eh Già