Vai um remake aí?

Sabe-se lá o passa pela cabeça dos produtores quando resolvem refilmar séries estrangeiras de sucesso. O que pode ser a receita perfeita para o desastre – e muitas vezes é – às vezes surpreende positivamente e supera, em muito, o original, como nos casos de “The Office”, “House of Cards” e “Homeland”. 

Nesta lista temos alguns exemplos de boas e péssimas refilmagens, incluindo duas ‘made in Brazil’, que merecem uma conferida. Nem que seja só pela curiosidade. 

Fawlty Towers / Snavely / Amanda’s / Payne / Zum letzten Kliff

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Célula Mater: Fawlty Towers

Pegue uma das séries britânicas mais cultuadas de todos os tempos, mude o local para alguma cidade americana, acrescente conceituados atores yankees e voilà, em segundos você terá… um grande fracasso!

Criada e protagonizada por John Cleese, do genial Monty Python, Fawlty Towers é simplesmente sensacional. Basil Fawlty é o dono de um b&b à beira mar, mas não tem nenhum jeito para lidar com pessoas. Na verdade, ele é absolutamente antissocial! A incompetência de Basil só é superada pelas trapalhadas de Manuel, o garçom espanhol que não entende inglês. Completando essa trupe amalucada, temos as duas mulheres da série: Sybil e Polly. A esnobe e enérgica Sybil é casada com Basil e passa a maior parte do tempo dando ordens ao marido. Polly é camareira mas, no fundo, é quem mantém tudo funcionando, além de livrar o chefe de todas as enrascadas em que se mete. 

Filhotes: Snavely / Amanda’s / Payne / Zum letzten Kliff

O mais incrível é que não tiveram a ideia de refilmagem uma vez, mas quatro! A primeira, em 1978, chamada “Snavely“, trazia Harvey Korman no papel principal e tinha Betty White como sua mulher Gladys. Korman, que chegou a ter seu próprio programa de TV, The Harvey Korman Show, era um grande comediante, figurinha fácil em todos os filmes de Mel Brooks, mas não tinha o necessário para incorporar o humor ácido de John Cleese. Resultado: a série morreu no ninho e ninguém sentiu a menor falta.  

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Para a segunda tentativa mudaram o gênero do protagonista. Basil se tornou Amanda Cartwright, interpretada por Bea Arthur. Arthur, premiadíssima atriz da Broadway, tinha passado 5  anos longe da TV, desde 1978, quando sua sitcom, “Maude”, chegou ao fim. As diferenças não ficaram só no gênero da protagonista, no lugar do cônjuge entram em cena o filho e a nora. Reza a lenda que John Cleese ficou tão revoltado quando leu o roteiro, que tirou seu nome do projeto. Amanda’s estreou em 1983, teve só uma temporada e foi cancelada depois de 13 episódios. 

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Payne foi a tentativa número três, com John Larroquette como o excêntrico Royal Payne. Foi ao ar em março de 1999 e fez check out depois de 10 episódios. 

Em 2001, estreou Zum letzten Kliff, a adaptação alemã das desventuras de Basil Fawlty. Nem preciso dizer que não deu muito certo e a coisa não passou do piloto, não é? 

Queer as Folk / Queer as Folk

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Célula Mater: Queer as Folk UK

Stuart Allen Jones (Aidan Gillen, o Mindinho de “Game of Thrones”),  Vince Tyler (Craig Kelly de “Titanic”) e Nathan Maloney (Charlie Hunnam, o Jax de “Sons of Anarchy”) são os protagonistas da série que, quando foi lançada, pretendia ser uma representação do mundo gay na Manchester década de 90. Stuart é bonito, bem sucedido e um verdadeiro predador sexual. Vince é um tipo mais discreto e seletivo, o que explica estar há muitos meses sem sexo. Já Nathan, estudante de 15 anos, está decidido a explorar sua homossexualidade. Os dois primeiros, amigos desde a infância e às vésperas de completar 30 anos, encontram o jovem Nathan no fim de uma noitada. Stuart decide ‘iniciar’ Nathan no sexo, mas no dia seguinte não quer vê-lo pela frente. 

O título vem de um jogo de palavras, que mistura uma expressão comum no dialeto do norte da Inglaterra (“Não existe nada mais estranho que o povo”) e a palavra “queer“, que desde os anos 50 e 60 é usada pejorativamente para se referir a homossexuais. Hoje considerada uma série cult, Queer as Folk teve apenas 10 episódios, divididos em 8 na primeira temporada e 2 na segunda. 

Filhote: Queer as Folk US

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Em Pittsburgh, Pensilvânia, um grupo de amigos gays, Brian (Gale Harold de “Deadwood”), Michael (Hal Sparks de “Cara, Cadê Meu Carro?”), Emmett (Peter Paige de “Where the Bears Are”) e Ted (Scott Lowell de “Bones”) saem para uma noitada, que termina na Babylon, o melhor lugar da cidade para quem está procurando diversão. No fim da noite, Brian conhece e leva para casa Justin (Randy Harrison de “Mr. Robot: Sociedade Hacker”), estudante de 17 anos que ainda frequenta o colégio. Obviamente o garoto se apaixona por ele mas, entre idas e vindas, acaba se tornando mais que sexo casual. 

Na série americana, batizada no Brasil com o duvidoso título “Os Assumidos”, outros personagens ganham espaço e importância, como o casal Lindsay(Thea Gill de “Dante’s Cove”) e Melanie (Michelle Clunie de “Teen Wolf”). Lindsay tem um filho com Brian, de quem é amiga desde a faculdade, e Melanie é cliente de Ted, que trabalha em um escritório de contabilidade. Um personagem que não existia na série original e é um ganho na versão americana é Emmett Honeycutt. Se à primeira vista ele parece se encaixar perfeitamente no estereótipo do gay extravagante, ao longo da série ele mostra grande integridade e acaba conquistando um papel de destaque. 

Esse é um dos casos em que a criatura supera o criador. A versão americana é melhor, maior e infinitamente mais bem sucedida que a original. Ron Cowen e  Daniel Lipman, responsáveis pela adaptação da série de Russell T. Davies, foram os pioneiros a mostrar o homossexualismo no horário nobre da TV americana. Além disso, em suas 5 temporadas, vários temas importantes foram abordados, como HIV, homofobia e direitos da comunidade LGBT.  

Slings & Arrows / Som & Fúria 

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Célula Mater: Sling & Arrows

Na cidade de New Burbage, às vesperas da estréia do maior festival shakespeariano do Canadá, a companhia de teatro que vai apresentar ‘Hamlet’ está um caos. Em Toronto, Geoffrey Tennant, diretor e ator que anos antes teve um colapso nervoso em cena, está trabalhando no “Théâtre Sans Argent”, teatro fuleiro onde nada – nem a descarga funciona. Ele aparece no noticiário acorrentado na porta do teatro, protestando contra a ação de despejo. Depois de afogar as mágoas no fundo de várias garrafas, Oliver Wells, diretor artístico da companhia, telefona para Geoffrey pra colocar em pratos limpos os desentendimentos do passado. Em seguida Oliver morre tragicamente, atropelado por um caminhão. Tennant é convidado para ocupar o lugar dele e acha que esta é uma excelente oportunidade para recuperar o prestígio perdido. O que ele encontra é um desastre: o protagonista, o ator americano que interpreta Hamlet, está sofrendo de uma crise aguda de insegurança; a atriz principal é a ex-amante de Geoffrey, que não esta muito feliz em reencontrá-lo e o fantasma do diretor artístico assombra o teatro. É dessa premissa que parte Slings & Arrows (título surrupiado de uma citação de Hamlet), série criada por Mark McKinney, ex-membro do The Kids in the Hall, famosa trupe de comédia dos anos 90. 

A série teve três temporadas, uma para cada peça de Shakespeare – Hamlet, Macbeth e Rei Lear – e ganhou 22 prêmios, além de revelar Rachel McAdams, que se tornaria mundialmente conhecida pelo filme ‘Diário de uma Paixão’. 

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Filhote: Som & Fúria

Som & Fúria é outro título emprestado de uma citação do bardo, só que desta vez o escolhido é Macbeth. E não poderia ser mais adequado: “É uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria e vazia de significado.” Adaptação bastante fiel, tem roteiro e direção de Fernando Meirelles, que contou com a colaboração – e as bençãos – dos criadores canadenses. O elenco é de primeira, encabeçado por Rodrigo Santoro e Andréa Beltrão, também conta com Felipe Camargo, Pedro Paulo Rangel, Gero Camilo, Daniel de Oliveira, Débora Falabella, Maria Flor, Daniel Dantas e Dan Stulbach. A série estreou em 2009, teve 12 episódios e ganhou o prêmio da APCA de melhor minissérie. 

Broadchurch / Gracepoint 

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Célular Mater: Broadchurch

A paz da pacata Broadchurch é abalada quando um menino de 11 anos é encontrado morto. Para investigar as circunstâncias misteriosas d morte, dois detetives são encarregados do caso, o forasteiro Alec Hardy e Ellie Miller, amiga da família do menino morto, que está voltando à ativa depois da licença maternidade. O crime causa um verdadeiro frenesi na mídia e aos poucos vai mostrando que a idílica cidade costeira não é o paraíso que aparenta ser. 

Broadchurch é até hoje uma das séries mais populares no Reino Unido, o que deve ter motivado os produtores a criar uma versão americana da história. No lugar de Olivia Colman entrou Anna Gunn, que na época estava em alta por causa de “Breaking Bad”, como parceira de David Tennant, que repete o papel da série original, apesar do nome mudado. Além de Tennant, James Strong também desembarcou na América para dirigir alguns episódios. 

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Filhote: Gracepoint

No remake americano, o cenário muda de Dorset para a Califórnia. Mas as diferenças não ficam por aí. O final de Gracepoint é diferente e, de uma certa maneira, mais interessante que o original. A causa mortis também mudou. Se na série britânica Danny foi estrangulado, na americana ele morreu de um trauma na cabeça. 

Outra novidade é aprofundar os acontecimentos dos dias que antecederam sa morte de Danny, bem como o relacionamento com Tom, seu melhor amigo e filho mais velho da detetive. Mas o que distingue as duas séries é o fato de Broadchurch explorar de maneira magistral o impacto da morte do garoto e seus efeitos na comunidade, enquanto sua cópia made in USA se concentrar quase que única e exclusivamente em solucionar o crime. 

Broadchurch teve três temporadas, enquanto Gracepoint não passou da primeira. Infelizmente a Amazon Prime só disponibiliza a versão dublada da série americana. 

Como aproveitar o fim do mundo / No Tomorrow

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Célula Mater: Como aproveitar o fim do mundo

Acreditando na profecia Maia, que diz que o fim do mundo ocorrerá no dia 21 de dezembro de 2012, a esotérica Kátia decide aproveitar a vida e fazer tudo que tem vontade. Para isso, ela faz uma lista de desejos, que vão desde vingança à fantasias sexuais. Como trabalha no departamento pessoal, ela vê que Ernani, o cético técnico de contabilidade, marcou suas férias para o dia seguinte do apocalipse. 

Com um enredo divertido e um elenco encabeçado por Alinne Moraes, Danton Mello e Nelson Freitas, Como aproveitar o fim do mundo oferece tudo que as sitcoms da Globo tem de melhor. Não é à toa que foi a primeira série brasileira a ganhar uma versão americana. 

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Filhote: No Tomorrow

No processo de adaptação, a história sofreu algumas mudanças: agora os dois protagonistas acreditam no fim do mundo e querem cumprir uma bucket list antes do apocalipse. A protagonista gringa também subiu na vida, agora ela trabalha no centro de distribuição da Amazon. Seu parceiro virou um hippie que curte a vida adoidado. Nada disso garantiu o sucesso da série, que estreou em 2016 e profeticamente, como o título sugere, não teve futuro e foi cancelada depois de 13 episódios. 

 

Den som dræber / Those Who Kill 

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Célula Mater: Den som dræber

Uma jovem desaparece sem deixar vestígios, mas durante a investigação surgem semelhanças com outros casos sem solução. Uma divisão especial é criada para investigar os assassinatos, que parecem ter sido cometidos por um serial killer. Juntos, a detetive Katrine Jensen e o psiquiatra forense Thomas Schaeffer, descobrem que os métodos do assassino são muito mais sofisticados e ele não se encaixa nos padrões tradicionais de comportamento daqueles que cometem múltiplos homicídios. 

Den Som Dræber é mais uma da longa lista de séries dinamarquesas exportadas para os Estados Unidos. Suas predecessoras, “The Killing” e “The Bridge”, fizeram bastante sucesso. A série, que estreou em 2011, é uma criação da jornalista e escritora de best-seller Elsebeth Egholm. O título é uma citação do Código Penal do país: “Aquele que mata outra pessoa é condenado por homicídio culposo com penas que vão de 5 anos de reclusão à prisão perpétua”. Cada caso é apresentado em dois episódios e a temporada tem 5 histórias completas. Depois de um hiato de 8 anos, estreou a nova produção da franquia: Den som dræber – Fanget af mørket, com 8 episódios. A segunda temporada está prevista para ir ao ar em 2021. 

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Filhote: Those Who Kill

O remake americano bem que tenta ser fiel, começando pela tradução do título original, mas prefere se concentrar mais na protagonista, batizada de Catherine Jensen. Para interpretar a detetive foi escolhida Chloë Sevigny, conhecida por suas participações em filmes independentes e elogiadíssima por sua participação em “Big Love”. A Jensen de Sevigny ganhou algumas características bem americana: é viciada em trabalho e obcecada em descobrir a verdade sobre o desaparecimento do irmão. Sua relação com o patologista Schaeffer também é menos conflituosa.

A série fazia parte do catálogo da Netflix brasileira, mas desapareceu misteriosamente.

The Thick of It / Veep 

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Célular Mater: The Thick of It

O Ministério de Assuntos Sociais é uma bagunça. Após a renúncia de seu antecessor, orquestrada pelo todo poderoso Malcolm Tucker, homem forte do partido e conselheiro do Primeiro-Ministro, quem assume é o indeciso e corrupto Hugh Abbot. Tentando lidar com a frustração de ter todas as suas ideias podadas por Malcolm, Hugh e sua equipe, formada por James, consultor especial sênior,  Ollie, consultor júnior e Joanna, assessora de imprensa, tentam elaborar novas  políticas. O único problema é que nada dá certo e eles passam a maior parte do tempo tentando evitar a iminente demissão. 

The Tick of It é uma deliciosa sátira política criada por Armando Iannucci, com um elenco encabeçado por Peter Capaldi (“Doctor Who”) e as participações de Tobias Menzies (“Outlander”), Michael Maloney (“The Crown”), Tom Hollander (“O Gerente da Noite”) e Joe Cole (Peaky Blinders). Vencedora de dois prêmios BAFTA de melhor sitcom, teve 4 temporadas. 

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Filhote: Veep

Em 2012, Armando Iannucci, atravessou o oceano para supervisionar a produção do remake, batizado de Veep. Na versão americana, a protagonista é a ex-senadora  Selina Meyer, que de uma hora para outra se torna vice presidente dos Estados Unidos. 

Contando com o irresistível talento de Julia Louis-Dreyfus, Veep conseguiu a façanha de não só superar a série original, mas criar um plot inteiramente independente, levando Selina à presidência dos Estados Unidos. Com um elenco de apoio de primeira linha, que inclui Tom Hale (“Arrested Development”), Anna Chlumsky (“Meu Primeiro Amor”), Gary Cole (“The Good Fight”) e Timothy Simons (“Quem é Você, Alasca?”), arrematou nada menos que 70 prêmios. A série chegou ao fim em 2019, um ano após Julia Louis-Dreyfus terminar o tratamento de câncer de mama. 

Criminal Justice / The Night Of 

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Célula Mater: Criminal Justice

Depois de um dia cheio de emoções, com direito a marcar o gol da vitória de seu time no último minuto de jogo, Ben Coulter só quer comemorar com os amigos. Na hora de sair, seu carro insiste em não pegar. Nenhum problema, pois o táxi do pai está parado na garagem. Ele segue pelas ruas de Londres e, quando faz uma parada para atender o celular, um moça entra no carro. Os planos para a noitada deram errado e ele resolve levar a passageira para onde ela quer. Pouco depois os dois vão parar no apartamento dela. Uma coisa puxa a outra e, depois de muita bebedeira, drogas e sexo, Ben acorda e encontra a moça morta ao seu lado. Ele foge, mas se envolve em um acidente de carro. Não passa no teste do bafômetro e é levado para a delegacia. Enquanto isso, os detetives que investigam a morte da moça identificam as digitais de Ben na cena do crime. Ele é interrogado, mas não consegue lembrar de nada. É daí que parte Criminal Justice, série criminal britânica de 5 episódios. 

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Filhote: The Night of

The Night of  não deixa nada a desejar ao original. Com as adaptações necessárias ao sistema judicial americano e a primorosa produção da HBO, a série conta a dramática odisseia de Nasir Khan, estudante universitário de origem paquistanesa, para provar sua inocência. Como todo imigrante muçulmano, depois de 11 de setembro, ele tem que lidar com a xenofobia tanto da parte da polícia quanto dos detentos da prisão na ilha Rikers, para onde os acusados são transferidos enquanto esperam julgamento.

Peter Moffat, o criador das duas séries, é um craque em séries de advogados, como provam “Kavanagh QC”, “North Square” e “Silk”. Ele escreveu 3 dos dez episódios da adaptação indiana de Criminal Justice, que foi ao ar no início de 2019.

Maniac / Maniac 

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Célula Mater: Maniac

Tudo parecia bem na vida do adorável Espen, até o dia que ele tem um surto psicótico. Internado na ala psiquiátrica, ele vive quase o tempo todo mergulhado em suas fantasias – baseadas no que está passando na TV, nas pessoas a seu redor e em seu amigo imaginário Håkon -, onde é rico e poderoso. Curiosa para descobrir o que causou a dissociação de Espen do mundo real, Mina, a nova psicóloga do hospital, resolve dedicar atenção especial a ele. Durante as sessões com ela, Espen a imagina como uma femme fatale que faz de tudo para seduzi-lo. 

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Filhote: Maniac US

A refilmagem americana, produzida pela Netflix, deixou de lado a instituição de saúde mental e preferiu se desenvolve a partir de um teste de laboratório para uma droga miraculosa. Diferente do original, o personagem principal, Owen Milgrim, não está sozinho. Durante o teste, ele conhece Annie, que também vive uma vida longe de ser satisfatória. Juntos eles embarcam nas mais malucas fantasias. A personagem de Annie é um achado. Ela traz mais humanidade e leveza não só para o mundo de Owen, como para toda a série. 

A série original, criada pela dupla Hakon Bast Mossige e Espen Pa Lervaag, foi adaptada por Cary Joji Fukunaga (que tem no currículo “True Detective” e “O Alienista”), e Patrick Somerville (que produziu “The Leftovers” para a HBO). Uma das grandes sacadas do remake foi apostar na dupla Emma Stone e Jonah Hill, velhos conhecidos dos tempos de “Superbad”. 

Liar / Non Mentire / Mentiras

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Célula Mater: Liar

Laura Nielson (Joanne Froggatt de “Downton Abbey”), professora de uma de prestigiosa escola de ensino médio, acaba de separar. Por insistência da irmã, que trabalha como anestesista, ela aceita o convite para jantar de Andrew Earlham (Ioan Gruffudd de “O Quarteto Fantástico”), cirurgião viúvo e pai de um de seus alunos. De manhã, Laura acorda confusa, sem conseguir se lembrar da noite anterior. A única certeza que ela tem é que alguma coisa terrível aconteceu. Enquanto ela faz o exame de corpo de delito e acusa o médico de estupro, ele manda uma mensagem agradecendo pela noite incrível. Cada um conta sua versão da história para a polícia e a falta de evidências faz Andrew se livrar das acusações. Mas aos poucos fica claro que ele tem alguma coisa a esconder. Laura resolve investigar o passado do cirurgião e descobre a terrível verdade. 

Aparentemente os produtores consideram a bucólica região de Kent, um criadouro de malucos, maníacos e psicopatas. Se existe uma coisa que os irmãos Jack e Harry Williams sabem fazer é escrever thrillers psicológicos, como “The Missing”, “Baptiste” e “The Widow”. Liar tinha tudo para ser ótima, mas infelizmente não é. Tem muitos sub-plots, que acabam roubando a atenção da história principal. Mas o maior erro foi apostar em uma segunda temporada completamente desnecessária.

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Filhotes: Non Mentire / Mentiras

Lançada em 2019, Non Mentire conseguiu para a Mediaset os melhores índices de audiência e ótimas críticas. Dirigida por Gianluca Maria Tavarelli (“Il giovane Montalbano” e “Maltese – Il Romanzo del Commissario”), traz nos papéis principais Greta Scarano, da série “The Name of the Rose”, e Alessandro Preziosi, de “Medici: Mestres de Florença”.  O enredo é quase idêntico ao original, alterando apenas o local e ‘italianando’ o nome do médico para Andrea. Mas o mais preocupante é a filmagem, que replica quadros, planos e sequências no pior estilo “Psicose” de Gus Van Sant”, que pretendia ser uma homenagem, mas acabou sendo apenas bizarro. 

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Assim como a versão italiana, Mentiras é quase um copy & paste do argumento original. O local da ação mudou para Palma de Mallorca e o nome do protagonistas também: sai Andrew, entra Xavier Vera, interpretado por Javier Rey de “Hache” e “Fariña”. O responsável pela adaptação é Curro Novallas, conceituado roteirista que recentemente produziu para a Netflix o drama de mistério “Alto Mar”

 

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