Mais que azul, o Leicester é a coisa mais quente

A nossa playlist desta semana é para você, caro leitor, que acalenta no fundinho do seu coração o desejo secreto de ver o Coiote pegar o Papa-léguas, o Sargento Garcia prender o Zorro, o rato comer o gato e o Leicester campeão da Premier League. Nós valorizamos gente como você, camarada, que tem o coração cheio de esperança.

Antes desta temporada de Cinderela, ninguém dava a menor bola pro Leicester. Ninguém sabia onde ficava e nem que algumas das melhores invenções do mundo saíram da cachola de filhos da terra. O DNA foi descoberto por Sir Alec Jeffreys na universidade de Leicester. Em 1937, Donald Hings inventou o walkie talkie. É de lá uma das mais bizarras categorias do esporte radical: o extreme ironing, que consiste em passar roupa no alto de um penhasco. Quer saber onde surgiu a bolinha de golfe furadinha? BINGO! William Taylor registrou a patente da dita cuja em 1905.

Se formos falar de história, então… Eis alguns personagens históricos que vieram da simpática cidade: Lady Jane Grey, que foi rainha da Inglaterra por apenas nove dias, Joseph Merrick, o Homem Elefante, e Simon de Montfort, fundador do Parlamento inglês. Até desenterraram uma ‘maldição’ sobre o fantasma de Ricardo III, que só deixou a cidade em paz depois que sua ossada foi sepultada na catedral.

Só por ter presenteado o mundo com Graham Chapman, do Monty Python, eu já acho Leicester um dos melhores lugares da galáxia. E ainda tem Joe Orton, autor de teatro. E Stephen Frears que, entre tantos filmes incríveis, dirigiu um filme sobre Orton, “O Amor Não Tem Sexo”, com o maravilhoso Gary Oldman. E tem Richard Armitage, que todo mundo conhece como Thorin, do Hobbit, ou como Dragão Vermelho da série Hannibal, mas eu prefiro lembrar dele como John Thornton de Norte & Sul, que não deixa nada a desejar a Mr. Darcy, o melhor – e mais amado – personagem masculino da literatura mundial na categoria marido ideal.

Como nem tudo na vida é alegria, é de Leicester a menina Madeleine McCann, que desapareceu na Praia da Luz, no Algarve, em Portugal e até hoje não foi encontrada.

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Vamos ser honestos e dizer que ninguém tava nem aí pro Leicester quando ele estava no borralho esfregando o chão das últimas posições e tentando fugir do rebaixamento. Aí, o simpático Claudio Ranieri fez sua mágica de fada madrinha e transformou o sonso LC na bela do baile, que deixou pra trás beldades ricas, estreladas e poderosas como United, Chelsea, City e Arsenal e encantou o mundo. Faltam apenas algumas semanas para o sonho virar realidade, e o Leicester City já conseguir um feito histórico. Por isso, hoje vamos homenagear  aqueles que nunca deixaram de acreditar.

A playlist desta semana é de músicos da cidade, alguns até torcedores do City. Começando com The Five Dallas Boys, a primeira boy band de que se tem notícia, passando por Engelbert Humperdinck, o cara que estourou o cafonômetro com seu cabelo cheio de laquê, seu bigode de narcotraficante e suas calças boca de sino. O Leicester parece ser o time favorito de baixistas, tecladistas e bateristas. A lista é longa: John Deacon, John Illsley,  Jon Lord, Tony Kaye, Richard Hughes, Frank Benbini e Robert Gotobed. Pra mostrar que somos ecléticos juntamos brega, punk, indie e pop, e não esquecemos o padrinho do Ska, Laurel Aitken – cubano de nascimento mas Fox no coração – nem a DJ Lisa Lashes. Sing-a-long!

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Hark Now Hear the Leicester Sing (Nel Blu Dipinto Di Blu)

 

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